quinta-feira, agosto 21, 2008

Cão Cão passageiro, cão estrito Cão rasteiro cor de luva amarela, Apara-lápis, fraldiqueiro, Cão liquefeito, cão estafado Cão de gravata pendente, Cão de orelhas engomadas, de remexido rabo ausente, Cão ululante, cão coruscante, Cão magro, tétrico, maldito, a desfazer-se num ganido, a refazer-se num latido, cão disparado: cão aqui, cão ali, e sempre cão. Cão marrado, preso a um fio de cheiro, cão a esburgar o osso essencial do dia a dia, cão estouvado de alegria, cão formal de poesia, cão-soneto de ão-ão bem martelado, cão moído de pancada e condoído do dono, cão: esfera do sono, cão de pura invenção, cão pré-fabricado, cão espelho, cão cinzeiro, cão botija, cão de olhos que afligem, cão problema... Sai depressa, ó cão, deste poema! Alexandre O’Neill in Abandono Vigiado

3 comentários:

f@ disse...

Cãozinho pronto... a minha cadela até está a abanar a cauda... gostou deste poema... ão ão e beijinhos das nuvens

f@ disse...

Lino desculpa... foi a brincar... eu gostei imenso do poema e nem conhecia... beijinhos

Olá!! disse...

Adoro :)

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Beijosssssssssss