Sempre me interroguei sobre os motivos pelos quais, na aldeia minhota onde nasci ( e em tantas outras, portuguesas ou não), não havia (e continua a não haver), meio termo: palavrão, ou se dizia ou se ficava calado.
Não era uma questão religiosa, pois toda a gente era “obrigatoriamente” católica praticante e fazia, no mínimo, a “desobriga” e a comunhão Pascais.
Também não era uma questão cultural nem de estatuto social, pois a “linguagem de carroceiro”, não era proporcional, nem directa nem indirectamente, ao nível cultural ou financeiro (ambos bastante reduzidos mas, mesmo assim, com gradações significativas) dos falantes.
Na casa onde nasci e me criei o palavrão, até o mais suave, era interdito aos residentes, mesmo que fosse corrente no linguajar de tantos que por lá passavam a ajudar nos trabalhos agrícolas.
Lembro-me de a minha falecida mãe, certa vez, ter perguntado a um adulto por que razão é que ele dizia tantas asneiras e da sua resposta imediata: Ó tia Rosa (era assim que eram tratados os mais velhos): para mim, dizer “c******” é como para a tia Rosa dizer “ai, Jesus!” e dizer “estou f*****” é como a tia Rosa dizer “valha-me Deus!”
E se calhar, era mesmo, como parece comprovar um artigo (ou melhor, dois) que li recentemente.
Por que diabos “merda” é palavrão? Aliás, por que a palavra “diabos”, indizível décadas atrás, deixou de ser um? Outra: você já deve ter tropeçado numa pedra e, para revidar, xingou-a de algo como “filha-da-puta”, mesmo sabendo que a dita nem mãe tem.
Pois é: há mais mistérios no universo dos palavrões do que o senso comum imagina. Mas a ciência ajuda a desvendá-los. Pesquisas recentes mostram que as palavras sujas nascem em um mundo à parte dentro do cérebro. Enquanto a linguagem comum e o pensamento consciente ficam a cargo da parte mais sofisticada da massa cinzenta, o neocórtex, os palavrões “moram” nos porões da cabeça. Mais exatamente no sistema límbico. É o fundo do cérebro, a parte que controla nossas emoções. Trata-se de uma zona primitiva: se o nosso neocórtex é mais avantajado que o dos outros mamíferos, o sistema límbico é bem parecido. Nossa parte animal fica lá.
Continue a ler este interessante artigo na Super Interessante brasileira. Pode, também, ler esta curiosa análise do palavrão feita por Steven Pinker, Professor de Psicologia em Harvard.
Não era uma questão religiosa, pois toda a gente era “obrigatoriamente” católica praticante e fazia, no mínimo, a “desobriga” e a comunhão Pascais.
Também não era uma questão cultural nem de estatuto social, pois a “linguagem de carroceiro”, não era proporcional, nem directa nem indirectamente, ao nível cultural ou financeiro (ambos bastante reduzidos mas, mesmo assim, com gradações significativas) dos falantes.
Na casa onde nasci e me criei o palavrão, até o mais suave, era interdito aos residentes, mesmo que fosse corrente no linguajar de tantos que por lá passavam a ajudar nos trabalhos agrícolas.
Lembro-me de a minha falecida mãe, certa vez, ter perguntado a um adulto por que razão é que ele dizia tantas asneiras e da sua resposta imediata: Ó tia Rosa (era assim que eram tratados os mais velhos): para mim, dizer “c******” é como para a tia Rosa dizer “ai, Jesus!” e dizer “estou f*****” é como a tia Rosa dizer “valha-me Deus!”
E se calhar, era mesmo, como parece comprovar um artigo (ou melhor, dois) que li recentemente.
Por que diabos “merda” é palavrão? Aliás, por que a palavra “diabos”, indizível décadas atrás, deixou de ser um? Outra: você já deve ter tropeçado numa pedra e, para revidar, xingou-a de algo como “filha-da-puta”, mesmo sabendo que a dita nem mãe tem.
Pois é: há mais mistérios no universo dos palavrões do que o senso comum imagina. Mas a ciência ajuda a desvendá-los. Pesquisas recentes mostram que as palavras sujas nascem em um mundo à parte dentro do cérebro. Enquanto a linguagem comum e o pensamento consciente ficam a cargo da parte mais sofisticada da massa cinzenta, o neocórtex, os palavrões “moram” nos porões da cabeça. Mais exatamente no sistema límbico. É o fundo do cérebro, a parte que controla nossas emoções. Trata-se de uma zona primitiva: se o nosso neocórtex é mais avantajado que o dos outros mamíferos, o sistema límbico é bem parecido. Nossa parte animal fica lá.
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