domingo, abril 21, 2013

Da Noite - I

Vi as éguas da noite galopando entre as vinhas
E buscando meus sonhos. Eram soberbas, altas.
Algumas tinham manchas azuladas
E o dorso reluzia igual à noite
E as manhãs morriam
Debaixo de suas patas encarnadas.

Vi-as sorvendo as uvas que pendiam
E os beiços eram negros e orvalhados.
Uníssonas, resfolegavam.

Vi as éguas da noite entre os escombros
Da paisagem que fui. Vi sombras, elfos e ciladas.
Laços de pedra e palha entre as alfombras
E vasto, um poço engolindo meu nome e meu retrato.

Vi-as tumultuadas. Intensas.
E numa delas, insone, me vi.


(poetisa paulista nascida faz hoje 83 anos)

2 comentários:

jrd disse...

As éguas não dormiram nessa noite.

Abraço

Anónimo disse...

Na verdade, aqui aprendo sobre esse laço essencial da língua que temos em comum, nesse país tão longe/longo.
Obg abrç da bettips