CANTO DO
AFOGADO
O que fui,
as águas não devolvem.
No sumidouro
me perdi.
Os amigos
procuram um corpo entre as sarças.
Trazem
roupas de banho, redes novas,
escafandros
nos bolsos. Eles não sabem
que o
afogado sonha entre as anêmonas.
O pássaro
entende os caminhos do mar,
o galo da
manhã conhece a estrela,
mas vós,
amigos, ignorais a face
imóvel sob
as águas.
Ó cordeiros
da infância,
no olho do
peixe está a origem.
(poeta
mineiro nascido faz hoje 102 anos)
2 comentários:
"O que fui, as águas não devolvem."
Um verso belíssimo que se constitui súmula do poema.
Lídia
O Mar guarda os melhores.
Abraço
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