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sábado, fevereiro 28, 2015

Translúcido

Rosas raras se alçavam puras
Eu sonho que vivi sempre exaltado.

Amo os danos do mundo, quero a chama
Do mundo, vós, paixões do mundo. E penso:
Estrangeiro não sou, pertenço à terra.

Um céu abriu as mãos sobre o meu rosto.
Barcos de prata cantam vagamente.

Pensando, desço então pelas veredas
Do mar, do mar, do mar!
Sinto-me errante.

Que faz no meu cortejo essa alegria?
O tempo é meu jardim, o tempo abriu
Cantando suas flores insepultas.
Canta, emoção antiga, meus amores,
Canta o sentido estranho do verão,

Canta de novo para mim que fui
Vago aprendiz de mágico, abstrata
sentinela do espaço constelado.
Conta que sempre sou, quem fui, menino.

A pantera do mar da cor de malva
Uivava sobre a vaga chamejante.
Eu sonho que vivi sempre exaltado.
Meu pensamento forte é quase um sonho.
Nos meus ombros, o pássaro final.

Íntimo, atroz, lirismo a que me oponho.
Quando a manhã subir até meus lábios
Suscitarei segredos novos. Ah!
Esta paixão de destruir-me à toa.


(escritor mineiro nascido faz hoje 93 anos)

sexta-feira, fevereiro 27, 2015

Mortis causa

Mulher de gestos dia a dia mais pequenos,
fosses tu qualquer coisa, uma cadeira ao menos
houvesse para ti sempre lugar em tua casa
e não ires um dia assim convencional serena
como papel ou lixo pela escada abaixo

Mulher espremida enquanto deste vida
e resumida à pequenina luz que se liberta
do gesto estritamente necessário linha recta
para anular o espaço entre a mão e a coisa
movimentos dos dias divergentes de outros dias
E tudo vai moendo e remoendo momento a momento
triturando colhendo arrepanhando
face ficta fraca e fIXa
a fruta em frente fita, frígida fremente


(Ruy Belo faria hoje 82 anos)

quinta-feira, fevereiro 26, 2015

Paco de Lucia faleceu faz hoje 1 anos
Não Há Amor Suficiente

Não há amor
(Não, não o suficiente)
Vivemos sem auxílio,
Morremos sozinhos.

O recurso à comiseração
Ressoa no vazio,
Os nossos corpos estão estropiados
Mas a carne continua ávida.

Desaparecidas as promessas
De um corpo adolescente,
Entramos na velhice
Onde nada nos espera

Resta a memória vã
Dos dias desaparecidos,
Um sobressalto de aversão
E o desespero despido.


(Michel Houellebecq faz hoje 57anos)

quarta-feira, fevereiro 25, 2015

Esse homem vai sozinho

Esse homem que vai sozinho
    Por estas praças, por estas ruas,
    Tem consigo um segredo enorme,
         É um homem.
    Essa mulher igual às outras,
    Por estas ruas, por estas praças,  
    Traz uma surpresa cruel,
          É uma mulher.

    A mulher encontra o homem,
    Fazem ar de riso, e trocam de mão,
    A surpresa e o segredo aumentam
        Violentos.

    Mas a sombra do insofrido
    Guarda o mistério na escuridão.
    A morte ronda com sua foice.
        Em verdade, é noite.


(poeta paulista falecido a 25 de Fevereiro de 1945)

terça-feira, fevereiro 24, 2015

Presídio

Nem todo o corpo é carne... Não, nem todo
Que dizer do pescoço, às vezes mármore,
às vezes linho, lago, tronco de árvore,
nuvem, ou ave, ao tacto sempre pouco...?

E o ventre, inconsistente como o lodo?...
E o morno gradeamento dos teus braços?
Não, meu amor... Nem todo o corpo é carne:
é também água, terra, vento, fogo...

É sobretudo sombra à despedida;
onda de pedra em cada reencontro;
no parque da memória o fugidio

vulto da Primavera em pleno Outono...
Nem só de carne é feito este presídio,
pois no teu corpo existe o mundo todo!


(David Mourão-Ferreira nasceu faz hoje 88 anos)

segunda-feira, fevereiro 23, 2015

O Zeca partiu faz hoje 28 anos
Do Medo

É de ti que eu sou irmã
por ti fui trocada em criança
quando as estrelas semearam a noite
(Ficávamos chorando de medo
se o laço branco da trança não desse
para a escuridão toda do quarto)

Tenho os silêncios que me emprestaste
e na cidade que levantámos há pouco
(não destruiremos nunca)
habitam os pais
com os não irmãos mortos à nascença
que o eco de um flauta eternizou

no cais dos barcos pequenos de papel
somos irmãos de ninguém
ancorámos com amarras de dúvida

é nosso irmão o medo do poente
a porta azul da morte

Em redor em redor de nós
a solidão voou borboleta negra de metal
caiu enforcado público na gravata verde
(a mesma solidão que cega
os arcos concêntricos das pupilas)

desde a rua ao bolor dos corpos poetas
da porta esquecida sem número
à mulher vendida aos ventos da noite

sem nevoeiros asfixiamos nítidos
nos passeios nos fatos nas cadeiras
nas cúpulas nos clarins

e sentes contigo os corpos das mulheres
de bruços sobre o dia
renascidos maduros os limites da carne

Há nebulosas de anos sem sentido
que vimos aprendendo o amor

há um embrião de veia
há uma veia atávica vermelha
nos mil séculos anteriores ao homem

Quando nos será possível um suicídio exacto
em casas impossíveis
em ondas impossíveis
em (integralmente areia) desertos impossíveis?

Nasceu o sol na erva a erva nos degraus
os degraus desceram ao horizonte


(poetisa lisboeta falecida faz hoje 26 anos)

domingo, fevereiro 22, 2015

Quem

Quem empunhou o machado
e cortou a flor de lume?

Quem fez o estranho noivado
das estrelas com o estrume?

Quem nada na maré falsa
com braços de maré cheia?

Quem quer a fome descalça
por causa de um pé de meia?

Quem traz a vida aos soluços
no gume de uma navalha?

Quem põe um homem de bruços
por dá cá aquela palha?

Quem da vida faz um fardo
e da mentira o exemplo?

Quem da rosa faz um cardo
no altar do nosso templo?

Quem é que se diz profeta
e é traidor na sua terra?

Quem é que fez da caneta
uma arma em pé de guerra?

Quem é que vende o meu povo
por interesse nacional?

Quem fez de Colombo um ovo
e descobriu Portugal?

Quem pretende que eu me cale
porque a poesia é perigosa?

Quem é que quer afinal
uma canção cor de rosa?


(Joaquim Pessoa faz hoje 67 anos)

sábado, fevereiro 21, 2015

MUSÉE DES BEAUX ARTS

Acerca do sofrimento, nunca se enganaram
Os Velhos Mestres: quão bem entenderam
A condição humana; como está presente
Enquanto alguém se alimenta ou abre uma janela ou monotonamente segue a caminhar;
Como, enquanto os velhos esperam apaixonada e reverentemente
Pelo miraculoso nascimento, deve sempre haver
Crianças que não queriam especialmente que acontecesse, patinando
Num lago na orla da floresta:
Nunca esqueceram
Que até o mais terrível martírio deve seguir o seu curso,
Custe o que custar, a um canto, nalgum lugar descuidado
Onde os canídeos acorrem em suas vidas de cão, e o cavalo do torturador
Coça seu inocente traseiro por detrás de uma árvore.

No Ícaro de Brueghel, por exemplo: como tudo se afasta
Ociosamente do desastre; o lavrador poderá
Ter ouvido o splash, o grito desamparado,
Mas para ele não era um importante fracasso; o sol brilhou
Como soía sobre as pernas brancas que desapareceram na verde
Água; e o frágil e grandioso navio que deve ter avistado
Algo espantoso, um rapaz caindo do céu,
Tinha um destino para ir e afastou-se calmamente.


(W.H. Auden nasceu a 21 de Fevereiro de 1907)

sexta-feira, fevereiro 20, 2015


mergulho meus olhos no mar
calmo jade

Claridade!

espelha alegre e doce sentir
criança na vida que começo



(poetisa montemorense que hoje faz 53 anos)
A Eterna Ausência

Eu aguardei com lágrimas e o vento
suavizando o meu instinto aberto
no fumo do cigarro ou na alegria das aves
o surgimento anónimo
no grande cais da vida
                                           desse navio nocturno
que me trazia aquela com lábios evidentes
e possuindo um perfil indubitável,
mulher com dedos religiosos
e braços espirituais...

Aquela mulher-pirâmide
                                           com chamas pelo corpo
e gritos silenciosos nas pupilas.

Amante que não veio como a noite prometera
numa suspensa nuvem acordar
meu coração de carne e alguma cinza...

Amante que ficou não sei aonde
a castigar meus dias involúveis
ou a afogar meu sexo na caveira
deste carnal desespero!...


(poeta albicastrense que hoje faz 79 anos)

quinta-feira, fevereiro 19, 2015

Homem

Inútil definir este animal aflito.
Nem palavras,
nem cinzéis,
nem acordes,
nem pincéis
são gargantas deste grito.
Universo em expansão.
Pincelada de zarcão
desde mais infinito a menos infinito.


(Rómulo Vasco da Gama de Carvalho faleceu faz hoje 18 anos)
Canção de Minha Descoberta

Eis-me resignado.
Fugi de tudo que fui
e pelo caminho de minha renúncia
venho buscar bandeiras novas.

Agora persigo a palavra nova
por eles que esperam com o coração amargo
e o grito dentro do coração.

Não poderei aceitar o silêncio
e ficar em paz com a morte dos desgraçados
caídos sem voz em nossa porta.

As crianças minhas morreram todas,
Possuo cada vontade, cada medo, cada ternura morta
e vou surgindo novo entre lenços brancos
agitados de dor pela mão dos homens.


(poeta baiano que hoje faz 74 anos)

quarta-feira, fevereiro 18, 2015

Canto

A beleza não aprende a ser bela
e vive de ignorar
que o tempo a espreita sem a ver.

Antigamente nossos pais nos levavam para ver no campo
a madureza da fruta.
E no seixo que jogávamos no meio do rio,
cristal de impiedade, se espelhava a vida.

A beleza nada aprende
e ser é o seu segredo
- se você acender a lâmpada da sala,
até a varanda ficará clareada.

A beleza não aprende a morrer.

Não nos comunicamos com os corpos,
nossa parada é jogada com as almas.

As cortinas esvoaçam, nutrindo-se de noroeste
e as formigas preferem jantar os mortos.

A beleza quer sempre ficar acordada.

Sempre evitamos o conforto dos abismos.
Por isso são brancas as mortalhas
com que nos cobrimos na hora de dormir.

A beleza não concorda em morrer
e morre
como os antigos deuses, Ágata, que exaltaram a vida,
como os modernos deuses que insistem em apregoar a conveniência da morte.

(poeta alagoano nascido faz hoje 91 anos)

terça-feira, fevereiro 17, 2015

Bom conselho

Põe sempre os nomes aos bois
Nas histórias que contares.
Ou logo os burros depois
Se queixam de os retratares:

"Mas são as minhas orelhas!
Este azurrar é o meu!
Se estas são minhas guedelhas!
Ai este burro sou eu!

Não me nomeie ele embora,
Toda a Pátria vai agora
Saber-me por burro, hin-hã!
Ai que eu, hin-hã, hin-hã!"

- Quiseste a um burro poupar...
Logo doze hão-de zurrar.


(poeta alemão falecido a 17 de Fevereiro de 1856) 

Tradução de Jorge de Sena

segunda-feira, fevereiro 16, 2015

Apelo

Atravessa os campos da noite
e vem.

A minha pele
ainda cálida de sol
te será margem.

Nas fontes, vivas,
do meu corpo
saciarás a tua sede.

Os ramos dos meus braços
serão sombra rumorejante
ao teu sono, exausto.

Atravessa os campos da noite
e vem.


(Luísa Dacosta faria hoje 88 anos. Faleceu ontem)
Chama

Um menino
cruzou o meu caminho.
Despido de tudo,
até quase de vida,
restava-lhe, apenas,
no fundo dos olhos,
uma chama pequena,
quase apagada,
de pura inocência.
Dei-lhe um sorriso,
velho e surrado,
de esmola
e fui procurar
a minha chama
perdida...


(poeta catarinense que hoje faz 62 anos)

domingo, fevereiro 15, 2015

Navegante

Navegou
no veleiro dos livros.

Desembarcou
e conferiu.

E o mundo que viu
não era o que imaginou.


(poetisa paranaense falecida faz hoje 11 anos)
Épura

Geometrias, imaginações destes caminhos
da minha terra!
Curvas de trilhas,
triângulos de asas,
bolas de cor...

Círculos de sombras agachadas entre as árvores,
cilindros de troncos embebidos na luz.

Geometrias, imaginações destes caminhos
da minha terra!

Melancolicamente, nesta alegria geométrica,
pingando bilhas polidas,
o leque das bananeiras abana o ar da manhã...


(poeta carioca falecido faz hoje 80 anos)

sábado, fevereiro 14, 2015

Peço a Paz

Peço a paz
e o silêncio

A paz dos frutos
e a música
de suas sementes
abertas ao vento

Peço a paz
e meus pulsos traçam na chuva
um rosto e um pão

Peço a paz
silenciosamente
a paz a madrugada em cada ovo aberto
aos passos leves da morte

A paz peço
a paz apenas
o repouso da luta no barro das mãos
uma língua sensível ao sabor do vinho
a paz clara
a paz quotidiana
dos actos que nos cobrem
de lama e sol

Peço a paz e o
silêncio


(poeta louletano que hoje faz 77 anos)
Soldado

I

O sol poente desatava, longa,
a sua sombra pelo chão
e
protegido por ela -
braços longamente abertos,
face volvida para os céus-
- um soldado descansava.
Descansava...
havia três meses.

II

- braços longamente abertos,
rosto voltado para os céus,
para os sóis ardentes,
para os luares claros,
para as estrelas fulgurantes...


(poeta paulista que hoje faz 84 anos)

sexta-feira, fevereiro 13, 2015

Como os sonhos

De tudo aquilo restou-me um esquecimento
como um perfume transparente e vago.
E assim posso dizer que o respiro
como a um perfume.

De tudo aquilo restou-me um vazio
como um verso, de súbito, esquecido.
E assim talvez de repente o recorde
como a uns versos.

De tudo aquilo restou-me uma lua
secreta, lentamente evaporada.
E assim é possível que uma tarde volte
como a lua.

De tudo aquilo restaram-me sonhos,
sonhos, sonhos, que o tempo esfuma
E já não sei se aquilo foi sequer
como os sonhos.


(poeta colombianos falecido faz hoje 30 anos)

quinta-feira, fevereiro 12, 2015

Os amantes

 Quem os vê andar pela cidade
 se todos estão cegos?
 Eles se tomam as mãos: algo fala
 entre seus dedos, línguas doces
 lambem a úmida palma, correm pelas falanges,
 e acima a noite está cheia de olhos.

 São os amantes, sua ilha flutua à deriva
 rumo a mortes na relva, rumo a portos
 que se abrem nos lençóis.
 Tudo se desordena por entre eles,
 tudo encontra seu signo escamoteado;
 porém eles nem mesmo sabem
 que enquanto rodam em sua amarga arena
 há uma pausa na criação do nada
 o tigre é um jardim que brinca.

 Amanhece nos caminhões de lixo,
 começam a sair os cegos,
 o ministério abre suas portas.
 Os amantes cansados se fitam e se tocam
 uma vez mais antes de haurir o dia.

 Já estão vestidos, já se vão pela rua.
 E só então,
 quando estão mortos, quando estão vestidos,
 é que a cidade os recupera hipócrita
 e lhes impõe os seus deveres quotidianos.


(escritor argentino falecido faz hoje 31 anos) 

Tradução de José Jeronymo Rivera

quarta-feira, fevereiro 11, 2015

Lorelei

Não existe nenhuma noite para nos afogarmos:
lua cheia, um rio correndo
negro sob um suave reflexo de espelho,

névoas azuis da água gotejando
de malha para malha como redes de pesca
embora os pescadores durmam,

torres sólidas do castelo
multiplicando-se num espelho
todo ele silêncio. Mas estas formas flutuam

em minha direção, perturbando o rosto
da quietude. Do nadir
erguem os seus membros plenos

de opulência, cabelos mais pesados
que o mármore esculpido. Cantam
um mundo mais cheio e límpido

do que aquele que existe. Irmãs, a vossa canção
traz uma carga demasiado pesada
para ser escutada pelas espirais do ouvido,

aqui, num país onde um sensato
senhor governa equilibradamente.
Ao serem perturbadas pela harmonia

que existem além da ordem deste mundo,
as vossas vozes fazem um cerco. Estais alojadas
nos recifes em declive do pesadelo,

prometendo um abrigo certo;
de dia, estendem-se para além dos limites
da inércia, das saliências

que existem também nas altas janelas. Pior
ainda que esta canção de enlouquecer
é o vosso silêncio. Na origem

do apelo do vosso coração gelado
- a embriaguez das grandes profundezas.
Ó rio, como vejo serem arrastadas

lá no fundo do teu curso de prata,
aquelas grandes deusas da paz.
Pedra, pedra, leva-me lá para baixo.


(poetisa estado-unidense falecida faz hoje 52 anos) 

Tradução de Maria de Lourdes Guimarães

terça-feira, fevereiro 10, 2015

Tempos Sombrios

Realmente, vivemos tempos sombrios!
A inocência é loucura. Uma fronte sem rugas
denota insensibilidade. Aquele que ri
ainda não recebeu a terrível notícia
que está para chegar.
Que tempos são estes, em que
é quase um delito
falar de coisas inocentes,
pois implica em silenciar
sobre tantos horrores.

(Bertold Brecht nasceu faz hoje 117 anos)
Um Poema Diferente

O povo das Ilhas quer um poema diferente
Para o povo das Ilhas:
Um poema sem gemidos de homens desterrados
Na quietação da sua existência;
Um poema sem crianças que se alimentem
Do leite negro das horas abortadas
Um poema sem mães olhando
O quadro dos seus filhos sem mãe...
O povo das Ilhas quer um poema diferente
Para o povo das Ilhas:
Um poema sem braços à espera de trabalho
Nem bocas à espera de pão
Um poema sem barcos lastrados de gente
A caminho do Sul
Um poema sem palavras estranguladas
Nas grades do silêncio...
O povo das Ilhas quer um poema diferente
para o povo das Ilhas:
Um poema com seiva nascendo no coração da ORIGEM
Um poema com batuque e tchabéta e badias de Santa Catarina
Um poema com saracoteio d'ancas e gargalhadas de marfim!
O povo das Ilhas quer um poema diferente
Para o povo das Ilhas:
Um poema sem homens que percam a graça do mar
E a fantasia dos pontos cardeais!


(poeta cabo-verdiano que hoje faz 80 anos)

segunda-feira, fevereiro 09, 2015