How many times must a man look up, Before he can see the sky? How many ears must one man have, Before he can hear people cry? The answer, my friend, is blowin' in the wind. The answer is blowin' in the wind.
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domingo, março 31, 2013
Dia
De que céu
caído,
oh insólito,
imóvel
solitário na onda do tempo?
És a
duração,
o tempo que
amadurece
num instante
enorme, diáfano:
flecha no
ar,
branco
embelezado
e espaço já
sem memória de flecha.
Dia feito de
tempo e de vazio:
desabitas-me,
apagas
meu nome e o
que sou,
enchendo-me
de ti: luz, nada.
E flutuo, já
sem mim, pura existência.
(poeta
mexicano nascido faz hoje 99 anos)
sábado, março 30, 2013
sexta-feira, março 29, 2013
quinta-feira, março 28, 2013
Nanas de la
Cebolla
Musica e voz
de Joan Manuel Serrat
La cebolla
es escarcha
cerrada y
pobre:
escarcha de
tus días
y de mis
noches.
Hambre y
cebolla:
hielo negro
y escarcha
grande y
redonda.
En la cuna
del hambre
mi niño
estaba.
Con sangre
de cebolla
se
amamantaba.
Pero tu
sangre,
escarchada
de azúcar,
cebolla y
hambre.
Una mujer
morena,
resuelta en
luna,
se derrama
hilo a hilo
sobre la
cuna.
Ríete, niño,
que te traigo
la luna
cuando es
preciso.
Alondra de
mi casa,
ríete mucho.
Que es tu
risa en tus ojos
la luz del
mundo.
Ríete tanto
que en el
alma al oírte,
bata el
espacio.
Tu risa me
hace libre,
me pone
alas.
Soledades me
quita,
cárcel me
arranca.
Boca que
vuela,
corazón que
en tus labios
relampaguea.
Es tu risa
la espada
más
victoriosa.
Vencedor de
las flores
y las
alondras.
Rival del
sol.
Porvenir de
mis huesos
y de mi
amor.
La carne
aleteante,
súbito el
párpado,
el vivir
como nunca
coloreado.
¡Cuánto
jilguero
se remonta,
aletea,
desde tu
cuerpo!
Desperté de
ser niño.
Nunca
despiertes.
Triste llevo
la boca.
Ríete
siempre.
Siempre en
la cuna,
defendiendo
la risa
pluma por
pluma.
Ser de vuelo
tan alto,
tan
extendido,
que tu carne
es el cielo
recién
nacido.
¡Si yo
pudiera
remontarme
al origen
de tu
carrera!
Al octavo
mes ríes
con cinco
azahares.
Con cinco
diminutas
ferocidades.
Con cinco
dientes
como cinco
jazmines
adolescentes.
Frontera de
los besos
serán
mañana,
cuando en la
dentadura
sientas un
arma.
Sientas un
fuego
correr
dientes abajo
buscando el
centro.
Vuela niño
en la doble
luna del
pecho.
Él, triste
de cebolla.
Tú,
satisfecho.
No te
derrumbes.
No sepas lo
que pasa
ni lo que
ocurre.
(poeta e
revolucionário espanhol falecido nas masmorras do franquismo faz hoje 71 anos)
quarta-feira, março 27, 2013
A implosão
da mentira - Fragmento III
Mentem no
passado. E no presente
passam a
mentira a limpo. E no futuro
mentem
novamente.
Mentem
fazendo o sol girar
em torno à
terra medieval/mente.
Por isto,
desta vez, não é Galileu
quem mente.
mas o
tribunal que o julga
herege/mente.
Mentem como
se Colombo partindo
do Ocidente
para o Oriente
pudesse
descobrir de mentira
um
continente.
Mentem desde
Cabral, em calmaria,
viajando
pelo avesso, iludindo a corrente
em curso,
transformando a história do país
num acidente
de percurso.
(poeta
mineiro que hoje faz 76 anos)
terça-feira, março 26, 2013
segunda-feira, março 25, 2013
No dejar de
soñar
Sostener un
poema en la mañana
frente al
grito
estruendoso
o larvado
de la
muerte.
Dar las
gracias al dios del mediodía
por su rayo
de luz
y el dibujo
del cielo.
Poner al
lado de cada cosa noble
la misma
intensidad
y el ritmo
libre
que acompasa
las horas de la tarde.
Mirar el sol
de sus ojos violetas.
Amar siempre
la noche.
No dejar de
soñar.
(poeta
toledano que hoje faz 59 anos)
domingo, março 24, 2013
EVANGELHO DA
SOMBRA E DO SILÊNCIO
O silêncio
das coisas me comove;
Sinto-o,
principalmente quando chove,
Que
sonolência enerva as almas...
Que
apatia...
Que saudade
da vida e da alegria!
Que saudade
de tudo que ama e existe!
Como me
encanta a natureza triste!
Olho através
dos vidros da janela:
A paisagem
desfaz-se em folhas amarelas...
Ver árvores
é um grande lenitivo
Para a
estesia de um contemplativo.
Ver árvores
é ouvir sentidas trovas,
Vossas
cantigas, raparigas novas!
Que lindo o
verde, em nuanças meio incertas,
Margeando,
lado a lado, as estradas desertas!
As árvores
dos parques e das praças
Bebem
silêncio pelas folhas que são taças...
Só parece
que a sombra em redor se avoluma
E cresce e
desenrola o amplo manto de bruma.
É tudo
calma. Em torno à minha casa
Não se
escuta sequer um ruflo de asas.
Somente a
água que vem da montanha, sonora,
Canta tão
triste que não canta, chora.
E some-se,
rezando a estranha reza
Da livre religião
da natureza,
Ave, sombra!
Eu venero a tua imagem
E amo o
silêncio verde da paisagem!..
(poeta
pernambucano nascido a 24 de Março de 1889)
sábado, março 23, 2013
sexta-feira, março 22, 2013
Canção a
meia voz
A minha vida
é sempre ontem
E o meu
desejo, amanhã.
Hoje é uma
coisa parada.
Nada sei nem
faço nada.
Certeza é
palavra vã.
Não sou. Ou
fui ou serei.
Se ao menos
tivesse fé!
Corro atrás
duma quimera.
Ou então
fico-me à espera,
Porém à
espera de quê?
Porque abri
as minhas mãos
E deixei
fugir o instante
Que havia
nelas ainda?
Agora o nada
não finda
E o tudo é
sempre distante!
Virás tu ao
meu encontro,
Ou sou eu
que devo achar-te?
Quem pudera
descansar!
Ver, ouvir e
não pensar!
Ser aqui e
em toda a parte!
Chego tarde
ou muito cedo.
Ou paro
aquém ou além.
Houvesse
algo para mim
Sem ter
principio nem fim,
Sem ser o
mal nem o bem!
(poeta
madeirense nascido a 22 de Março de 1897)
quinta-feira, março 21, 2013
quarta-feira, março 20, 2013
Um sossego
mais largo
Um sossego
mais largo
Que o
esquecimento dos homens
Me seja a
morte
Como um
veleiro abandonado
No silêncio
do mar;
Como, antes
do Tempo,
Como, depois
do Tempo,
O não haver
ninguém para o contar
Como não ter
existido
Me seja a
morte!
Mas não já
(poeta
português nascido em Barcelona há 91anos)
terça-feira, março 19, 2013
Poema
suspirado
Algures, num
momento de silêncio,
neste campo
aberto que é a minha vida,
de noite,
sempre de
noite - quando a magia acontece,
surge uma
forma no vento
e nele,
um poema
suspirado.
É certo que
os poemas são mesmo efémeros
e as
palavras um dia serão nada,
desaparecerão
no esquecimento das eras
tal como as
peles que vestimos
e os nomes
que ostentamos.
O poema que
é teu,
trazido pela
brisa que na relva fresca te desenha,
um dia não
será mais que outra coisa,
acompanhando-nos,
na impiedosa
sucessão de formas e sabores
que provamos
e temos de
largar.
Mas esse teu
suspiro
e essa tua
forma
e esse teu
poema
e esse teu
sentido (tão próximo do meu)
pintaram-se
no quadro do horizonte
deste campo
aberto que é a minha vida...
e de noite,
sempre de noite - quando a magia acontece,
a realidade
perceptível da ilusão do universo
colidirá com
nossos fogos,
ardendo em
uníssono,
dançando no
mesmo vento
que agora
desenha nós os dois,
que agora
suspira o ar quente da cama embriagada,
que nesse
momento se deixa entregar...
no mesmo
campo aberto que é a nossa vida
e de noite -
quando a magia acontece,
àquela
pequena parte de um segundo
de uma
eternidade passageira.
Rui Diniz
(poeta
almadense que hoje faz 34 anos)
segunda-feira, março 18, 2013
domingo, março 17, 2013
sábado, março 16, 2013
Curiosidades
Estéticas
O mais
importante na vida
É ser-se
criador – criar beleza.
Para isso,
É necessário
pressenti-la
Aonde os
nossos olhos não a virem.
Eu creio que
sonhar o impossível
É como que
ouvir uma voz de alguma coisa
Que pede existência
e que nos chama de longe.
Sim, o mais
importante na vida
É ser-se
criador.
E para o
impossível
Só devemos
caminhar de olhos fechados
Como a fé e
como o amor.
(poeta abrantino
falecido faz hoje 54 anos)
Última
paisagem
Quando eu
morrer,
se morrer,
quero um dia
de sol,
denso,
cintilante,
escorrendo-me
pelo corpo
seus dedos
quentes.
E quero o
vento,
um largo
vento dos espaços,
que me
respire e me arrebate
no seu
fôlego,
por outros
continentes.
E quero a
água,
violenta,
fria, palpitante,
possuindo-me
a alma
a
transbordar dos poros.
Se nenhum
amor me resguardar
em seu
abraço
a dar-me
sensação
de que
possuo e pertenço
quero pegar
a vida
palmo a
palmo,
traço a traço,
num dia
esfuziante de azul
com o mar na
boca e nos braços.
Quando eu
morrer,
se morrer,
eu que
renasço a cada momento,
criando
íntimos laços
por toda
natureza,
eu que
perduro no eterno
da
intensidade,
quero morrer
assim:
os olhos na
distância
do
entendimento
e o corpo
penetrando na beleza,
passo a
passo.
Meu fim
transformado em luz
dentro de
mim.
(poetisa
paulista que hoje faria 80 anos)
sexta-feira, março 15, 2013
Saudade
inverossímil
Sinto
saudade
Das coisas
que nunca tive
Uma vontade
De outros
lugares
Paixões
estrangeiras
Que me
seriam mais próximas
E também um
pouco
De lúbrica
irresponsabilidade
Sinto
vontade
Das belezas
perdidas
Do
reencontro
Com o
conhecido e o desconhecido
(escritor
paulista que hoje faz 49 anos)