EVANGELHO DA
SOMBRA E DO SILÊNCIO
O silêncio
das coisas me comove;
Sinto-o,
principalmente quando chove,
Que
sonolência enerva as almas...
Que
apatia...
Que saudade
da vida e da alegria!
Que saudade
de tudo que ama e existe!
Como me
encanta a natureza triste!
Olho através
dos vidros da janela:
A paisagem
desfaz-se em folhas amarelas...
Ver árvores
é um grande lenitivo
Para a
estesia de um contemplativo.
Ver árvores
é ouvir sentidas trovas,
Vossas
cantigas, raparigas novas!
Que lindo o
verde, em nuanças meio incertas,
Margeando,
lado a lado, as estradas desertas!
As árvores
dos parques e das praças
Bebem
silêncio pelas folhas que são taças...
Só parece
que a sombra em redor se avoluma
E cresce e
desenrola o amplo manto de bruma.
É tudo
calma. Em torno à minha casa
Não se
escuta sequer um ruflo de asas.
Somente a
água que vem da montanha, sonora,
Canta tão
triste que não canta, chora.
E some-se,
rezando a estranha reza
Da livre religião
da natureza,
Ave, sombra!
Eu venero a tua imagem
E amo o
silêncio verde da paisagem!..
(poeta
pernambucano nascido a 24 de Março de 1889)
ResponderEliminarMusical e ritmado.
A Natureza a pousar notas de melancolia no coração do poeta.
Um beijo