Última
paisagem
 
Quando eu
morrer, 
se morrer, 
quero um dia
de sol, 
denso,
cintilante, 
escorrendo-me
pelo corpo 
seus dedos
quentes. 
E quero o
vento, 
um largo
vento dos espaços, 
que me
respire e me arrebate 
no seu
fôlego, 
por outros
continentes. 
E quero a
água, 
violenta,
fria, palpitante, 
possuindo-me
a alma 
a
transbordar dos poros.
Se nenhum
amor me resguardar 
em seu
abraço 
a dar-me
sensação 
de que
possuo e pertenço 
quero pegar
a vida 
palmo a
palmo, 
traço a traço,
num dia
esfuziante de azul 
com o mar na
boca e nos braços.
Quando eu
morrer, 
se morrer, 
eu que
renasço a cada momento, 
criando
íntimos laços 
por toda
natureza, 
eu que
perduro no eterno 
da
intensidade, 
quero morrer
assim: 
os olhos na
distância 
do
entendimento 
e o corpo
penetrando na beleza, 
passo a
passo. 
Meu fim
transformado em luz 
dentro de
mim.
(poetisa
paulista que hoje faria 80 anos)
Belo poema...
ResponderEliminarBom sábado