How many times must a man look up, Before he can see the sky? How many ears must one man have, Before he can hear people cry? The answer, my friend, is blowin' in the wind. The answer is blowin' in the wind.
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terça-feira, julho 31, 2012
Eu ontem
vi-te…
Eu ontem
vi-te...
Andava a luz
do teu
olhar,
que me
seduz,
a divagar
em torno de
mim.
E então
pedi-te,
não que me
olhasses,
mas que
afastasses,
um
poucochinho,
do meu
caminho,
um tal
fulgor.
De medo,
amor,
que me
cegasse,
me
deslumbrasse
fulgor
assim.
(poeta
portuense nascido faz hoje 140 anos)
segunda-feira, julho 30, 2012
domingo, julho 29, 2012
sábado, julho 28, 2012
O barco era
belo
O barco era
belo
rasgaram-lhe
as velas,
intrusos
cuspiram
no seu
tombadilho
e o homem
sem barco
seguiu pela
estrada
com ondas
redondas
rolando nos
pés.
Gastou os
sapatos
de tanto
horizonte,
quis beijar
a vida
ninguém o
deixou,
quis comer,
quis beber,
disseram que
não,
sentiu-se
doente
mas não
tinha cama.
Soprou
temporais
no sangue,
nas veias,
e todo o seu
corpo
foi fúria e
foi quilha,
cercaram-no
logo
com altos
rochedos
e o homem
sem barco
teve que
evitá-los.
Na estrada
sem nada
dos tristes
humanos
com
pernas-farrapos
o homem lá
vai,
sem eira nem
beira
de bolsos
vazios
com os olhos
ocos
marejados de
mar.
(poeta
lisboeta nascido faz hoje 92 anos)
sexta-feira, julho 27, 2012
Chuva
congelada
Reduzo a
cascata a um candelabro, fios
De luz,
ossos descarnados pelo gelo
Que se
refazem nas bandagens de vidro
E, onde o
lago age como nível de bolha,
Guardo
bolsas de ar para que a lontra viva.
Aumento uma
a uma as lâminas de grama
Com brotos,
chuva congelada e sincelos,
Polegar,
dedos que apontam o degelo
Derretem,
entre o lábio e a língua, até o âmago
Enquanto o
vento toca órgão nos ramos.
(poeta
norte-irlandês que hoje faz 73 anos)
Tradução de Marcelo Tápia
quinta-feira, julho 26, 2012
tornar à
felicidade
tornar à
felicidade
quando à
hora da saudade
ciciam as
aves breves
sob o anelo
de ares leves.
oh! Quem
azul não queria?
quem não
quereria e ria?
pára o
mundo, baixa a autora
rios sorriem
agora.
o universo
enlaça a festa
cores vibram
na floresta.
chega alegre
o vate ao mundo
e esquece
que é profundo.
(poeta
carioca falecido faz hoje 12 anos)
quarta-feira, julho 25, 2012
terça-feira, julho 24, 2012
segunda-feira, julho 23, 2012
Dies Irae
Apetece cantar, mas ninguém canta.
Apetece chorar, mas ninguém chora.
Um fantasma levanta
A mão do medo sobre a nossa hora.
Apetece gritar, mas ninguém grita.
Apetece fugir, mas ninguém foge.
Um fantasma limita
Todo o futuro a este dia de hoje.
Apetece morrer, mas ninguém morre.
Apetece matar, mas ninguém mata.
Um fantasma percorre
Os motins onde a alma se arrebata.
Miguel Torga
domingo, julho 22, 2012
sábado, julho 21, 2012
Universidade
sonhei o que
vi
e o que não
vi
debulhei os
dias
assei e comi
li e reli
existencialistas
materialistas
anarquistas
ortodoxos
heterodoxos
liberais
ascéticos
gregos
baianos
ecléticos
e afins.
aprendi
: em
filosofia
psicologia
ou poesia
cada um vê
conforme sua
miopia.
(poeta
baiano que hoje faz 53 anos)
sexta-feira, julho 20, 2012
O meu credo
Creio em
mim, peregrino na Vida,
nesta espera de um céu, mas na terra,
e na força do grão que germina
concebendo o milagre do pão
que ceifei, debulhei e moí
e depois amassei com as lágrimas
em que afogo a revolta do servo.
Cada dia que nasce cá vou
eu descendo aos infernos
onde os servos extraem o pão
que empaturra os senhores.
Creio ainda no sol do amanhã,
na certeza de mim,
no homem livre,
na justiça dos homens,
no clamor da Verdade
sobre a Terra.
Assim seja!
(poeta
alentejano que hoje faz 75 anos)
quinta-feira, julho 19, 2012
E então, que
quereis?...
Fiz ranger
as folhas de jornal
abrindo-lhes
as pálpebras piscantes.
E logo
de cada
fronteira distante
subiu um
cheiro de pólvora
perseguindo-me
até em casa.
Nestes
últimos vinte anos
nada de novo
há
no rugir das
tempestades.
Não estamos
alegres,
é certo,
mas também por
que razão
haveríamos
de ficar tristes?
O mar da
história é agitado.
As ameaças
e as guerras
havemos de
atravessá-las,
rompê-las ao
meio,
cortando-as
como uma
quilha corta
as ondas.
(poeta russo
nascido faz hoje 119 anos)
Tradução: E. Carrera Guerra
quarta-feira, julho 18, 2012
Tristezas
Mortais
Fico-me às
vezes a cismar n'aquilo
Que era a
minha riqueza idolatrada;
O grande e
puro coração tranquilo
Da minha
amada.
Foi nesse
coração profundo e largo
E tenro como
os corações das flores,
Que eu,
louco, derramei o pranto amargo
Das minhas
dores.
Chorei-lhe
ondas de lágrimas no peito
Descrevendo-lhe
o horror do meu passado
E a sombria
paixão que me tem feito
Tão
desgraçado!
E aquele
coração tranquilo e doce
Foi-se
enchendo de mágoas, e afinal,
Porque era
um frágil coração… quebrou-se
Como um
cristal!
(poeta monsarense
nascido faz hoje 160 anos)
terça-feira, julho 17, 2012
Dualidade
Decifrar-me não tentes: o que sou
está contido em palavras e escombros
harmoniosamente dispostos;
o rosto é apenas a aparência,
meu arsenal
meu exército
Um pobre exército de perdidas batalhas.
Já o vês: sou duplo, na luz e na sombra
trafego entre mim e o outro, o que mente
mas transluz verdadeiro;
é lamentável que assim te fale,
mas não há outra forma.
Armas e esperanças tenho-as escondido
nos escombros que lavro, e não sabes.
São muito perigosas.
Mas não as procures,
para que não me aches
senão onde me encontro como agora,
diante de teu olhar perplexo.
Telmo Padilha
(poeta baiano falecido faz hoje 15 anos)
segunda-feira, julho 16, 2012
Pior que não
cantar
é cantar sem
saber o que se canta
Pior que não
gritar
é gritar só
porque um grito algures se levanta
Pior que não
andar
é ir andando
atrás de alguém que manda
Sem amor e
sem raiva as bandeiras são pano
que só vento
electriza
em ruidosa
confusão
de engano
A Revolução
não se
burocratiza
(Mário
Dionísio nasceu faz hoje 96 anos)
domingo, julho 15, 2012
sábado, julho 14, 2012
Lua Cheia
Aquele rio de águas cristalinas
que, manso e
preguiçoso,
desliza, em
doce murmúrio,
por entre o
fresco e umbroso
vale das
colinas,
é bem feliz
e venturoso, aquele rio!
Ind'outro
dia
(anoitecia)
eu vi madame
Lua,
pálida de
emoção, arfando o peito,
inteiramente
nua,
meter-se-lhe
no leito...
E nesse
dúbio
conúbio...
com o
riozinho querido,
com o
riozinho peralta,
esteve tempo
esquecido,
demorou-se
até noite alta.
Depois...
mais branca... mais risonha...
mais bela...
mais romântica, saiu;
mas ao sair
me viu,
e então
baixou das pálpebras o véu,
fugiu qual
nívea e singular cegonha,
foi-se
esconder pejada de vergonha,
num biombo
de nuvem lá no céu.
Agora, após
ter-se enredado
do amor na
feiticeira teia,
costuma
aparecer, no espaço constelado,
manchada e
escandalosamente cheia...
(poeta
mineiro nascido faz hoje 118 anos)
sexta-feira, julho 13, 2012
Longe da Vida
Fui ontem ver o meu melhor amigo,
Havia muitos meses que o não via
E tê-lo um dia inteiro a sós comigo
Causou-me uma enormíssima alegria.
É-me a sua amizade um santo abrigo!...
Mas em que instante que passou o dia,
Eu a contar-lhe o que a ninguém mais digo
E ele a escutar atento o que eu dizia.
Juntos vimos morrer o sol; depois,
Como levando a minha dor consigo,
A chorar afastámo-nos os dois…
Só tu entendes bem meu coração,
Ó doce mar amargo, ó meu amigo
E, mais que meu amigo, meu irmão!
(poeta lamecense falecido faz hoje 72 anos)
quinta-feira, julho 12, 2012
Talvez
Talvez não ser,
é ser sem que tu sejas,
sem que vás cortando
o meio dia com uma
flor azul,
sem que caminhes mais tarde
pela névoa e pelos tijolos,
sem essa luz que levas na mão
que, talvez, outros não verão dourada,
que talvez ninguém
soube que crescia
como a origem vermelha da rosa,
sem que sejas, enfim,
sem que viesses brusca, incitante
conhecer a minha vida,
rajada de roseira,
trigo do vento,
E desde então, sou porque tu és
E desde então és
sou e somos...
E por amor
Serei... Serás...Seremos...
(Pablo Neruda nasceu faz hoje 108 anos)
quarta-feira, julho 11, 2012
ALGUÉM PASSOU
ALGUÉM passou. E a sua sombra,
como um manto que tomba
de um gesto lânguido ficou no meu caminho.
Ora, o sol já se foi e a noite vem devagarinho.
E no entanto
a sombra continua,
nítida e nua,
atirada na terra como um manto.
Faz frio.
Corre pelo meu corpo um áspero arrepio...
E um desejo me vem, tímido e louco,
de agasalhar-me um pouco
nesse manto de sombra morna...
Mas
alguém
volta na noite pálida:
volta para buscar sua sombra esquecida.
É dia. E, pela estrada melancólica e árida,
vai tremendo de frio a minha vida...
(poeta paulista falecido faz hoje 43 anos)
terça-feira, julho 10, 2012
Ironia
sentimental
Coaxar dos
sapos, quando a noite é calma,
sem jardins
simbolistas, nem repuxos cantantes,
nem rosas
místicas na sombra, nem dor em verso...
Coaxar dos
sapos, longamente,
quando o céu
palpita na moldura da janela,
num mistério
doce, num mistério infinito,
e em cada
estrela há um lábio, um lábio puro que treme,
e um segredo
na luz que palpita, palpita...
(poeta
gaúcho falecido faz hoje 42 anos)