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sábado, julho 14, 2012

Lua Cheia

 Aquele rio de águas cristalinas
que, manso e preguiçoso,
desliza, em doce murmúrio,
por entre o fresco e umbroso
vale das colinas,
é bem feliz e venturoso, aquele rio!

Ind'outro dia
(anoitecia)
eu vi madame Lua,
pálida de emoção, arfando o peito,
inteiramente nua,
meter-se-lhe no leito...

E nesse dúbio
conúbio...
com o riozinho querido,
com o riozinho peralta,
esteve tempo esquecido,
demorou-se até noite alta.

Depois... mais branca... mais risonha...
mais bela... mais romântica, saiu;
mas ao sair me viu,
e então baixou das pálpebras o véu,
fugiu qual nívea e singular cegonha,
foi-se esconder pejada de vergonha,
num biombo de nuvem lá no céu.

Agora, após ter-se enredado
do amor na feiticeira teia,
costuma aparecer, no espaço constelado,
manchada e escandalosamente cheia...


(poeta mineiro nascido faz hoje 118 anos)

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