sábado, dezembro 10, 2011

DESERTO URBANO

se me derem um deserto para viver.
do deserto selecciono a minha independência
para ver ao longe aquilo que ao perto
já não amanhece.
e no grande livro do nada
uma conjunção avermelhece
como estrutura transitiva,
como massa de água que resolve as luzes
e ainda assim ilumina todas as raízes.
e por fim desejo não ter de escolher as palavras.
que os dias sejam levados com os astros.
que o meu segredo seja um exercício infinito,
mapa para nenhuma coisa.


(poetisa farense nascida a 10 de Dezembro de 1984)

2 comentários:

Sofá Amarelo disse...

É do deserto do nada que é possível escrever e desenhar os contornos das palavras...

Flor de Jasmim disse...

"e por fim não ter de escolher as palavras" algo que me diz muito.
Beijo bom domingo