Outra Voz
Vai não com mãos de fadas
a bailar quimeras...
Que outra voz
te anime o leme;
que outra vela
te guarde a saudade.
Se quiseres um arado
e um campo de verdade
diz ao Espaço maior
e ao Vento mais alto
todas as amarguras,
todo o sonho parado,
todo o sangue inútil das tuas mãos,
todo o impossível que te roeu os olhos;
fala nas ravinas íngremes,
na giesta abortada,
na tormenta que levou a aldeia,
no pão ázimo que não comeste;
diz da luta das ondas,
dos ventos atrozes
e da vontade rota
como uma feira perdida.
Fala dum grito,
fala de ti
e tenho a certeza
que outra Voz
virá do Alto.
(poeta madeirense nascido a 22 de Setembro de 1925)
1 comentário:
vibrante VOZ...
belíssimo poema.
abraços
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