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sábado, janeiro 15, 2011

Teorema

Ódio, te desconstróis na sombra dos dias,
entre o prazer e o largo de um sorriso
que se esboça feito cata-vento
(o triunfo subjaz nos intervalos do sol),
para dissimular a fonte e a fraude do não-ser.

(Um homem à beira do abismo
pode assimilar estorvos, cardiopatias,
resquícios de febre, cicatrizes na alma,
restos de infância agregados ao susto,
ao desjeito do corpo e do cansaço.)

Uma nesga de alegria talvez inibisse
lembranças, chicotes, castigos, escombros
de memória, restos de paisagem,
noites feitas e refeitas no descuido
de uma vida que se fez do espanto.

(Um homem - sem mágoas, sem nódoas -
pode perseverar sobre o menino.
Mas haverá vitória - ou prêmio de consolação -
sobre seu inventário de angústias,
sobre seus anseios de libertação?)


(poeta mineiro)

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