quarta-feira, dezembro 08, 2010

Árvores do Alentejo

Horas mortas... Curvada aos pés do Monte
A planície é um brasido e, torturadas,
As árvores sangrentas, revoltadas,
Gritam a Deus a bênção duma fonte!

E quando, manhã alta, o sol posponte
A oiro a giesta, a arder, pelas estradas,
Esfíngicas, recortam desgrenhadas
Os trágicos perfis no horizonte!

Árvores! Corações, almas que choram,
Almas iguais à minha, almas que imploram
Em vão remédio para tanta mágoa!

Árvores! Não choreis! Olhai e vede:
Também ando a gritar, morta de sede,
Pedindo a Deus a minha gota de água!


(Florbela Espanca nasceu a 8 de Dezembro de 1894 e faleceu a 8 de Dezembro de 1930)

1 comentário:

Sofá Amarelo disse...

Uma vida demasiado curta mas uma obra que permaneceu e vai permanecer para sempre!