Fragmentos de um coro
Nós
os de cinza e tempo
nós os de olhar barrado
nós os de céus ardendo
e ventos desfigurados
nós os de mito e queda
nós os de mãos atadas
ecos
desdobrando
gritos
mudos mantos desdobrados
nós silenciados muros
de desesperos caiados
nós cegos irmãos em luto
por mundos manietados
nós sonâmbulos
remotos
nós vagos
só recordados
os estáticos andantes
escuramente pisados
nós os egressos da sede
diuturnamente velada
nós o exílio de nós mesmos
viva lâmpada apagada
nós entre o infinito e o medo
esparsos
desencontrados
nós frios
de cinza e tempo
em tempo e cinza
encerrados.
(no 70º aniversário do seu nascimento)
2 comentários:
bom poema
o Lino, no que diz respeito à política, tem alguns defeitos graves
mas tem um excelente gosto literário
Fragmentos de vozes "mortas".
Abraço
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