How many times must a man look up, Before he can see the sky? How many ears must one man have, Before he can hear people cry? The answer, my friend, is blowin' in the wind. The answer is blowin' in the wind.
segunda-feira, novembro 24, 2008
Poema do futuro
Conscientemente escrevo e, consciente,
medito o meu destino.
No declive do tempo os anos correm,
deslizam como a água, até que um dia
um possível leitor pega num livro
e lê,
lê displicentemente,
por mero acaso, sem saber porquê.
Lê, e sorri.
Sorri da construção do verso que destoa
no seu diferente ouvido;
sorri dos termos que o poeta usou
onde os fungos do tempo deixaram cheiro a mofo;
e sorri, quase ri, do íntimo sentido,
do latejar antigo
daquele corpo imóvel, exhumado
da vala do poema.
Na História Natural dos sentimentos
tudo se transformou.
O amor tem outras falas,
a dor outras arestas,
a esperança outros disfarces,
a raiva outros esgares.
Estendido sobre a página, exposto e descoberto,
exemplar curioso de um mundo ultrapassado,
é tudo quanto fica,
é tudo quanto resta
de um ser que entre outros seres
vagueou sobre a Terra.
António Gedeão
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1 comentário:
Às vezes,
sinto "... (d)o futuro"
sem (os de Galileu) "... olhos misericordiosos, ..."
que
"... estoicamente, mansamente,
resisti(ndo)ste a todas as torturas,
a todas as angústias, a todos os contratempos,
..."
vai
"... caindo,
caindo,
caindo,
caindo sempre,
e
sempre,
ininterruptamente,
na razão directa do quadrado dos tempos."
...
A utilizar, sem estar a brincar, as palavras no Poema para Galileo...
E depois volto à possibilidade renovada de me ler, no (Poema do...) Futuro:
e creio ser tão verdade que
"... Na História Natural dos sentimentos
tudo se transformou.
..."
E paro um pouco mais por causa do tempo, da ideia de tempo, da experiência de falta e de tempo a mais que se perdeu.
Percebo, enfim, que importa a escrita!
Agarro-me às letras como se, como tábuas em águas turvas e revoltas, me erguessem, enfim!
:)
Vou ler um salto d' Os Sonhos de Einstein...
Vou iniciar assim o blog de trabalho que, há dias, abri!
Gratíssima pela inspiração que sei que sempre aqui venho encontrar!
Aquele Abraço
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