sexta-feira, junho 27, 2008

A língua de Guimarães Rosa Escrevo, e creio que este é o meu aparelho de controle: o idioma português, tal como o usamos no Brasil; entretanto, no fundo, enquanto vou escrevendo, eu traduzo, extraio de muitos outros idiomas. Disso resultam meus livros, escritos em idioma próprio, meu, e pode-se deduzir daí que não me submeto à tirania da gramática e dos dicionários dos outros. Se tem de haver uma frase feita, eu preferia que me chamassem de reacionário da língua, pois quero voltar a cada dia à origem da língua, lá onde a palavra ainda está nas entranhas da alma, para poder lhe dar luz segundo a minha imagem. Eu quero tudo: o mineiro, o brasileiro, o português, o latim, talvez até o esquimó e o tártaro. Queria a linguagem que se falava antes de Babel. Amo a língua, realmente a amo como se ama uma pessoa. Isto é importante, pois sem esse amor pessoal, por assim dizer, não funciona. Quando escrevo, repito o que já vivi antes. E para estas duas vidas, um léxico só não é suficiente. João Guimarães Rosa, em entrevista a Günter Lorenz, 1965

4 comentários:

éme. disse...

Que delícia de escrita, que maravilha de entrega a esta coisa linda e grande que é a Língua!

lino disse...

E sem qualquer (des)acordo ortográfico!

jrd disse...

Magnífico! Poliglota e polígamo

Anónimo disse...

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