Hierarquia
o acto de
perguntar é uma confiança expectante,
a veterania
de um exemplo acaba por matá-lo,
mas pouco
disto é essencial para já:
na poesia,
enquanto dilúvio da existência, as
influências
do poeta são as veias do seu poema homicida,
veias que
carregam químicos dispostos livremente
no corpo,
mudando de lugar,
subindo aos
olhos que lêem e que tentam
colonizar
hemorragias
nos ouvidos
puramente visuais.
mas haverá
sempre alguém na audiência
que
pergunta,
que
questiona directamente o poema e o seu exemplo,
alguém que
interpela a
legitimidade
de quem redige e assina o que é, afinal, da natureza,
alguém que
pressente muros de berlim, ouvidos, narizes, ilhas,
simulacros
do dessonhado, do oculto.
e nesse
momento eu sorrio e não deixa de me ocorrer
que
pressentir nem sempre te levará
à infância
de um sentimento.
(poetisa
farense que hoje faz 31 anos)
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