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sábado, outubro 22, 2016

Os infinito íntimos

Não me cinjas
a voz
não me limites

não me queiras
assim
antecipado

Eu não existo
onde me pensas

Eu estou aqui
agora
é tudo

Esta causa
Que me retoma
Em cada dia

Age na esperança
Em que respira
Esta necessidade
De estar vivo

No círculo
em que se fecha
o que em mim
respira
há um suicídio
de memórias
que não cabem
no que em mim
existe

Já fui longe de mais
matando-me nas pedras
que atiro contra mim
sentindo o que não sei

Há por aí alguém
que queira vir comigo
atrás do que seremos
quando tivermos sido?

O que resta de nós
Dorme a noite invisível
Que ainda nos sobra

O que me cansa
é o diabo da esperança

O que ficará de mim
nos restos digitais
do tempo
quando chegar
o fim
de que me ausento


(João Apolinário faleceu faz hoje 28 anos)

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