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quarta-feira, setembro 21, 2016

Natureza morta

Estirado na valeta que há na estrada
jaz um homem.

Como o pobre está sorrindo
a gente tola que passa
cuida que ele está dormindo
e fala logo em cachaça.

Mas o homem já morreu.

De que morreu, não importa.
Tão pouco de que viveu.

É uma natureza morta.
Fazem-lhe quarto
tristonha quaresmeira toda em flor
e um grupinho multicor
de marias-sem-vergonha.

O homem, indiferente,
jogado à margem da estrada
já não pode ver mais nada
nem sente nada.

                              Morreu.

Mas me fez pensar na vida.


(poeta paulista falecido faz hoje 34 anos)

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