Fantasmas
bateram à
porta - não abriste
estavas a
convocar nesse instante a brancura
dos dados
por lançar e o corvo do sr. poe mais
o maléfico
negrume dos mares de melville e
as mulheres
da patagónia que estão sentadas
ao fim da
tarde
à beira de
insondáveis glaciares
seguias
absorto o percurso daquele que comprava
revistas
tabaco souvenirs e via os comboios
sumirem-se
na gare de munique - mais a rua onde
te encontro
e te perco rapaz
a quem se
esqueceram de dizer que tinha um corpo
de papel bom
para amachucar com os dentes
é verdade -
bateram à porta
mas não
podias abrir
nesta casa
só sobrevive a memória turva
dos poemas
amados - mais ninguém mais nada
além da
parede de lodo e da caixa de sapatos
cheia de
sílabas preciosas - e uma mesa pequena
com um
albatroz empalhado para te vigiar a alma
a um canto
da sala o cigarro continua a arder
na ponta dos
dedos do teu retrato escondido
atrás do
sofá - virado parar a parede
como tu
coberto de
bolor de sustos e de aborrecimentos
(Al Berto
faleceu faz hoje 18 anos)
Sem comentários:
Enviar um comentário