Galerias
Nas vastas
galerias de sombras
passam os
detritos. As ondas.
Um barco
navega: fantasma
com ferrugem
nos cascos
com caveiras
no mastro
com salsugem
nas quilhas.
Nas baixas
galerias das vias,
o lodo
concentra-se em pilhas,
um sapo
deglute a mosca,
seu peixe de
água salobra.
Nas sujas
galerias do esgoto,
um crime
carrega seu corpo,
um trem
trafega sem rumo,
um lodo
concentra seu sumo.
Nas vastas
galerias de sombras,
o pesadelo
pesado do povo
pesa seu
sono de chumbo,
dorme em seu
leito de escombros.
(poeta
paulista nascido faz hoje 82 anos)
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