How many times must a man look up, Before he can see the sky? How many ears must one man have, Before he can hear people cry? The answer, my friend, is blowin' in the wind. The answer is blowin' in the wind.
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sexta-feira, maio 31, 2013
quinta-feira, maio 30, 2013
quarta-feira, maio 29, 2013
O Único
Amigo
Não me
alcançarás, amigo.
Chegarás
ansioso, louco;
mas eu já
terei partido.
(E que
medonho vazio
tudo o que
tiveres deixado
atrás, para
vir comigo!
Que
lamentável abismo
tudo quanto
eu tenha posto
entre nós,
sem culpa, amigo!)
Não poderás
ficar, amigo.
Voltarei
talvez ao mundo.
Mas tu já
terás partido...
(poeta andaluz falecido faz hoje 55 anos)
Tradução de José Bento
terça-feira, maio 28, 2013
segunda-feira, maio 27, 2013
Não
Não queremos
o sangue das crianças
na boca das
batalhas posto
- fauce
podre de lamas desertas
Mas correndo
vivo sob o rosto
numa alegria
de flores abertas
Não queremos
o sangue dos jovens
cobrindo o
frio das Baionetas
- morto lume
verde sobre a neve
Mas correndo
a arder nas noites pretas
para que as
manhãs cantem breve...
(Luís Maria
Leitão nasceu em Moimenta da Beira faz hoje 101 anos)
domingo, maio 26, 2013
Eu
Sou só e sou
eu mesma. O que pensem e digam
os demais,
nada importa; eu tenho a minha lei.
Que outros a
multidão, covardemente, sigam,
pelo caminho
oposto, altiva, eu seguirei.
Que, sem
brio e vergonha, outros tudo consigam
e que zombem
de mim porque nada alcancei;
quanto mais,
com seu ódio, o meu nome persigam,
tanto mais
orgulhosa em trazê-lo, serei.
Às pedradas
não fujo e as tormentas aceito;
mas a
espinha não curvo em prol de algum proveito,
minha
atitude sempre a mesma se revela;
A mim mesma
fiel, a minha fé não traio;
e, se em dia
fatal ferida pelo raio
tombar minha
bandeira eu tombarei com ela!
(poetisa paulista
nascida faz hoje 131 anos)
sábado, maio 25, 2013
... Lá …
Como o vento
à noite,
no telhado
esse lamento
do mal que não tem cura;
"...
nada
do que foi
teu será
nada te
pertence já...
nenhuma
coisa passada te é futura..."
Escutas:
Pássaros da
noite em soltas alvoradas
ou fantasmas
loucos
de roxas
madrugadas.
Transidas de
escuros medos
de solidões
de lutas
de finitas
paixões
e de
segredos...
as fadas
chegam,
do lembrar:
"...Nada
é eterno teu...
só esse
luto!...
O futuro
perdeste-o no passado
Lá, no
caminho sagrado
passou-te ao
lado e
morreu..."
Escutas;
De longes e
ocultas fundas grutas...
que há em ti
desabitadas
veladas vêm
discretas
as vozes
secretas
das boas
fadas do antigo lar:
"...Não
esse luto!...
Lá, nessa
glória inteira da lembrança
do teu
paraíso longínquo de criança,
é teu o
absoluto..."
(poetisa
espinhense que hoje faz 82 anos)
sexta-feira, maio 24, 2013
Palavra
Corpo
a palavra
vive no papel
com vírgulas
hífens crases reticências
leva uma
vida reclusa de carmelita decalça
corpo
palavra
o corpo
aprender a ler na rua
com
manchetes de jornais
jogadas na
cara pelo vento
com gírias
palavrões
zoando no
ouvido
com gritos
sussurros
impressos na
pele
palavra
corpo
a palavra
quer sair de si
a palavra
quer cair no mundo
a palavra
quer soar por aí
a palavra
quer ir mais fundo
a palavra
funda
a palavra
quer
a palavra
fala:
- eu quero
um corpo !
corpo
palavra
o corpo sabe
letras com gosto
de carne
osso unha e gente
o corpo lê
nas entrelinhas
o corpo
conhece os sinais
o corpo não
mente
o corpo quer
dizer o que sabe
o corpo sabe
o corpo quer
o corpo diz:
- fala
palavra !!!
palavracorpo
corpopalavra
(poeta
carioca que hoje faz 62 anos)
quinta-feira, maio 23, 2013
Um dia
saberás
Um dia
saberás
que não é
preciso levar a vida sempre tão a sério
e que se
confiares em ti conseguirás ultrapassar qualquer obstáculo.
Um dia
saberás que o tempo não pára nem retrocede
para que
possamos seguir sempre em frente.
Um dia
saberás que não é possível ser o melhor em tudo
e que o
fracasso e o sucesso dependem apenas das tuas escolhas.
Um dia
saberás que para realizar feitos incríveis
só precisas
de ter a alegria das crianças
e que o
impossível é apenas uma opinião dos outros.
Um dia
saberás
que em
certas ocasiões não há absolutamente nada a fazer
mas que é na
adversidade que se revela a enorme força que há em ti.
Um dia
saberás que não nos cabe julgar nem punir,
mas apenas compreender,
e que nas
pessoas, assim como num bom perfume,
o que conta
não é o frasco, mas a essência.
Um dia
saberás que na vida há menos mal do que bem
e que por
vezes quem errou contigo teve a intenção de acertar.
Um dia
saberás que somos sempre felizes quando temos bons amigos
e que quem
realmente te merece não te faz sofrer.
Um dia
saberás que as pessoas mais valiosas
são aquelas
que estiveram sempre a teu lado,
e que cada
um oferece aquilo que tem e o que transborda de dentro de si,
e que só é
feliz quem mergulha com paixão nas coisas da vida!
Num
magnífico dia conhecerás o amor
e o amor
elevar-te-á.
Nesse dia
saberás como é bom acordar cedo para ver o Sol nascer
e que o
calor do amor é tão vital quanto o calor do Sol.
Nesse dia
saberás que o amor é muito mais do que apenas um sorriso bonito
e que os
pormenores são muito importantes.
Nesse dia
saberás que o silêncio é um sábio eloqüente
e que o amor
é também um modo de olhar.
Nesse dia
saberás, finalmente, que a tua felicidade não depende dos outros
mas só de ti
e que o mais
importante na vida não é procurares um amor,
mas que te
ames sempre,
imensamente!
Faz com que
este dia seja hoje!
(poeta
rondoniano que hoje faz 33 anos)
quarta-feira, maio 22, 2013
Elogio da
Dialética
A injustiça
passeia pelas ruas com passos seguros.
Os
dominadores se estabelecem por dez mil anos.
Só a força
os garante.
Tudo ficará
como está.
Nenhuma voz
se levanta além da voz dos dominadores.
No mercado
da exploração se diz em voz alta:
Agora acaba
de começar:
E entre os
oprimidos muitos dizem:
Não se
realizará jamais o que queremos!
O que ainda
vive não diga: jamais!
O seguro não
é seguro. Como está não ficará.
Quando os
dominadores falarem
falarão
também os dominados.
Quem se
atreve a dizer: jamais?
De quem
depende a continuação desse domínio?
De quem
depende a sua destruição?
Igualmente
de nós.
Os caídos
que se levantem!
Os que estão
perdidos que lutem!
Quem
reconhece a situação como pode calar-se?
Os vencidos
de agora serão os vencedores de amanhã.
E o
"hoje" nascerá do "jamais".
(Victor Hugo
faleceu a 22 de Maio de 1885)
terça-feira, maio 21, 2013
segunda-feira, maio 20, 2013
Gozo
Desvia o mar
a rota
do calor
e cede a
areia ao peso
desta rocha
Que ao corpo
grosso
do sol
do meu corpo
abro-lhe
baixo a fenda de uma porta
e logo o
ventre se curva
e adormece
e logo as
mãos se fecham
e encaminham
e logo a
boca rasga
e entontece
nos meus
flancos
a faca e a
frescura
daquilo que
se abre e desfalece
enquanto
tece o espasmo o seu disfarce
e uso do
gozo
a sua melhor
parte
(Maria
Teresa Horta faz hoje 76 anos)
Esperança
Esperança:
isto de
sonhar bom para diante
eu fi-lo
perfeitamente,
Para diante
de tudo foi bom
bom de
verdade
bem feito de
sonho
podia
segui-lo como realidade
Esperança:
isto de
sonhar bom para diante
eu sei-o de
cor.
Até reparo
que tenho só esperança
nada mais do
que esperança
pura
esperança
esperança
verdadeira
que engana
e promete
e só
promete.
Esperança:
pobre mãe
louca
que quer pôr
o filho morto de pé?
Esperança
único que eu
tenho
não me
deixes sem nada
promete
engana
engano que
seja
engana
não me
deixes sozinho
esperança.
(Mário de
Sá-Carneiro nasceu a 19 de Maio de 1890)
sábado, maio 18, 2013
sexta-feira, maio 17, 2013
Desastres da
Guerra
Quem não
ouve a pequena sílaba
O rasgo
minúsculo da raiz
A seiva da
árvore do tempo?
Interrompe a
morte.
Aquieta o
olhar no braço decepado
Abrindo um
charco a primeira fonte
De morte sem
fim
Agarrando ao
tronco uns olhos despegados
Empastado
gesso de sangue na erva.
(poeta
espinhense que hoje faz 65 anos)
quinta-feira, maio 16, 2013
quarta-feira, maio 15, 2013
terça-feira, maio 14, 2013
segunda-feira, maio 13, 2013
O filho do
século
Nunca mais
andarei de bicicleta
Nem
conversarei no portão
Com meninas
de cabelos cacheados
Adeus valsa
"Danúbio Azul"
Adeus tardes
preguiçosas
Adeus
cheiros do mundo sambas
Adeus puro
amor
Atirei ao
fogo a medalhinha da Virgem
Não tenho
forças para gritar um grande grito
Cairei no
chão do século vinte
Aguardem-me
lá fora
As multidões
famintas justiceiras
Sujeitos com
gases venenosos
É a hora das
barricadas
É a hora do
fuzilamento, da raiva maior
Os vivos
pedem vingança
Os mortos
minerais vegetais pedem vingança
É a hora do
protesto geral
É a hora dos
vôos destruidores
É a hora das
barricadas, dos fuzilamentos
Fomes
desejos ânsias sonhos perdidos,
Misérias de
todos os países uni-vos
Fogem a
galope os anjos-aviões
Carregando o
cálice da esperança
Tempo espaço
firmes porque me abandonastes.
(poeta
mineiro nascido a 13 de Maio de 1901)
domingo, maio 12, 2013
O Cavaleiro
Talvez o
espere ainda a Incomeçada
aquela que
louvámos uma noite
quando o
abril rompeu em nossas veias.
Talvez o
espere a avó o pai amigos
e a mãe que
disfarça às vezes uma lágrima.
Talvez o
próprio povo o espere ainda
quando
subitamente fica melancólico
propenso a
acreditar em coisas misteriosas.
Algures
dentro de nós ele cavalga
algures
dentro de nós
entre mortos
e mortos.
É talvez um
impulso quando chega maio
ou as
primeiras aves partem em setembro.
Cargas e cargas
de cavalaria.
E cercos.
Conquistas. Naufrágios naufrágios.
Quem sabe
porquê. Quem sabe porquê.
Entre mortos
e mortos
algures
dentro de nós.
Quem pode
retê-lo?
Quem sabe a
causa que sem cessar peleja?
E cavalga
cavalga.
Sei apenas
que às vezes estremecemos:
é quando
irrompe de repente à flor do ser
e nos deixa
nas mãos
uma espada e
uma rosa.
(Manuel
Alegre faz hoje77 anos)