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domingo, fevereiro 24, 2013

A Guerra

E tropeçavam todos nalgum vulto,
quantos iam, febris, para morrer:
era o passado, o seu passado - um vulto
de esfinge ou de mulher.

Caíam como heróis os que não o eram,
pesados de infortúnio e solidão.
(Arma secreta em cada coração:
a tortura de tudo o que perderam.)

Inimigos não tinham a não ser
aquela nostalgia que era deles.
Mas lutavam!, sonâmbulos, imbeles,
só na esp'rança de ver, de ver e ter
de novo aquele vulto
-  imponderável e oculto -
de esfinge, ou de mulher.


(David Mourão-Ferreira nasceu faz hoje 86 anos)

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