Desejo
bom
Eu
seria feliz, se os meus versos se impregnassem
dessa
humildade silenciosa e boa
das
estações pequenas dos subúrbios,
das
cidades velhas e castas,
dos
bairros pobres das cidades ricas
e
dos arrabaldes abandonados;
se
eles tivessem a alegria honesta
das
tardes que caem nos bairros operários
aglomerando
boas almas nas calçadas;
se
revelassem um pouco do alto encanto
que
há nos ranchos das crianças pobres
bailando
na poeira das ruas
ou
nos quintais varridos das fazendas;
se
eles dissessem do contentamento ingênuo
de
operários que jogam aos serões domingueiros,
ou
bebem ruidosos nas tavernas rumorosas!
Mais
do que isso, porém, quisera que em meus versos
palpitasse
o sofrimento dos anônimos
tão
fundo e tão doloroso!
Quisera
que neles clamassem
todos
os homens oprimidos:
os
que esperam a festa dos dias vindouros,
pobres
pequenos que têm sede de justiça!
Assim
os meus versos teriam,
na
alegria profunda e na tristeza profunda,
o
sabor das canções que nasceram nas ruas.
E
eu me orgulharia de escrevê-los,
pois
sou dos pequeninos e dos simples.
E
vi que a Dor e o Amor, entre os humildes,
têm
um sentido mais tocante no infinito!
(poeta
paulista nascido faz hoje 115 anos)
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