Páginas

domingo, janeiro 08, 2012

A Angústia

Nada em ti me comove, Natureza, nem
Faustos das madrugadas, nem campos fecundos,
Nem pastorais do Sul, com o seu eco tão rubro,
A solene dolência dos poentes, além.

Eu rio-me da Arte, do Homem, das canções,
Da poesia, dos templos e das espirais
Lançadas para o céu vazio plas catedrais.
Vejo com os mesmos olhos os maus e os bons.

Não creio em Deus, abjuro e renego qualquer
Pensamento, e nem posso ouvir sequer falar
Dessa velha ironia a que chamam Amor.

Já farta de existir, com medo de morrer,
Como um brigue perdido entre as ondas do mar,
A minha alma persegue um naufrágio maior.


(poeta francês falecido a 8 de Janeiro de 1896)

Tradução de Fernando Pinto do Amaral

3 comentários:

  1. Não conhecia---é sempre instrutivo vir aqui e por isso te agradeço...a minha ignorãncia é infinita...mas aos poucos...vai ganhando terreno o Saber...e, em muito, graças a ti!
    Obrigada!

    ResponderEliminar
  2. Grande poeta que em boa hora recordaste.

    Abraço

    ResponderEliminar