Restos da água estagnada
Bebe
os restos da água estagnada
no estilhaçado copo
da memória errática.
Sacia
a sede do corpo antepassado
o olhar enfrentando a porta
do mundo que arquivaste
Abriste túneis para a perdição
com as luzes que te cegaram
Recorda agora
os dias devassos nas entranhas
em que tocaste o idioma
a vacilar sobre a vertigem da queda inicial
A caneta antiga
risca imagens no deserto
grafa
a palavra que será todas
cala
será todas e nenhuma
na solidão.
Jorge Henriques Bastos
(poeta paraense residente em Portugal)
Da água possível.
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