ANATOMIA
Um poema é uma guerra: nele e nela
se desintegram a palavra e a vida
e o que resta é perda que ressuscita:
ler um poema de certo modo o mata,
pois morre o que não se pensou ao ler,
embora a leitura aos poucos esclareça
o que se pensou jamais se fosse ler.
Poema é duelo plural e infinitivo:
é, acrobática, sobre o papel a escrita
ao mesmo tempo enigma, estigma, ígnea.
Ler o poema, mas não resolvê-lo:
isso acontece há muito tempo,
e somos nós que estamos lá dentro.
O poema nos faz e desfaz, a guerra também,
e é com palavra e arma que sabemos
o quanto nos resta de sonho e de renascimento.
(Luis Felipe Silvério Fortuna nasceu no Rio de Janeiro a 3 de Fevereiro de 1963)
A poesia não resolve
ResponderEliminarquestiona
desafia
e já é tanto
"somos nós que estamos lá dentro..."
ResponderEliminarexcelente. "invejável" poema.
abraços
Também postei esse poema sobre o fazer poético em meu blog. Adorei!!!
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