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segunda-feira, fevereiro 01, 2010

As putas da Avenida

Eu vi gelar as putas da Avenida
ao griso de Janeiro e tive pena
do que elas chamam em jargão a vida
com um requebro triste de açucena

vi-as às duas e às três falando
como se fala antes de entrar em cena
o gesto já compondo à voz de mando
do director fatal que lhes ordena

essa pose de flor recém-cortada
que para as mais batidas não é nada
senão fingirem lírios da Lorena

mas a todas o griso ia aturdindo
e eu que do trabalho tinha vindo
calçando as luvas senti tanta pena

Fernando Assis Pacheco

5 comentários:

  1. Tristes como as de Garcia Marquez.

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  2. As putas

    são uma invenção

    dos poetas

    Não existem - de facto

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  3. Pena e compaixão é o que eu sinto por essas mulheres, e são putas apenas nas palavras de quem não sente o frio que elas sentem... no corpo mas em especial na alma!

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  4. grande poema, grande Poeta!

    abraços

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  5. griso só se for na avenida dos aliados, da boavista eheheheheh

    (tb tenho pena e gostava de conversar com elas, perceber porquê)

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