How many times must a man look up, Before he can see the sky? How many ears must one man have, Before he can hear people cry? The answer, my friend, is blowin' in the wind. The answer is blowin' in the wind.
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terça-feira, junho 30, 2009
Caritas in veritate
Bento XVI assinou ontem a sua terceira encíclica, a ser publicada em breve e intitulada “caritas in veritate”, que é como quem diz “caridade na verdade” ou, já que a língua latina também é muito traiçoeira, “amor na verdade”.
Consta que a dona Manuela - que todos sabemos é um tratado de “verdade” quando não mente e muito apreciadora de uns mamíferos falantes que seguem a máxima “in poncha veritas” - aguarda ansiosamente a divulgação oficial para lhe servir de base ao programa de (des)governo laranja.
segunda-feira, junho 29, 2009
domingo, junho 28, 2009
Sem filosofia... Nem pensar!
Filosofar é pensar. Não um pensar qualquer. Não é um pensar solto no ar, perdido no mar, um ir-e-vir por aí. Não é jogar pôquer, apostar para ganhar tudo ou alguma coisa perder. Ou tudo perder e chorar sobre o pensamento derramado.
Filosofia é pensar dia a dia no dia-a-dia. Pensar é desfiar o fio da meada. Penso, logo desconfio. Pensar a prece, a pressa, o peso, o passo, a pizza, o poço, o prato, a prata, o porquê do epitáfio, as razões do rififi.
Filósofo é aquele que pára para pensar. Pára para não parar de pensar. Pensa para comer o pão com o suor de sua mente. Pensa, logo alonga, longínquo pensamento que o deixa tão perto de tudo. Filósofo só pára de pensar para pensar em que está pensando.
Filosofal viver. Filosofal andar. Filosofal tropeçar. Filosofal cair, e encontrar na queda outros motivos para mais filosofar. Filosofal sentar sobre a pedra filosofal. Idéia tanto bate sobre a pedra, tanto bate até que o pensamento perdura.
Filosofante caminhar, o homem sobre o elefante, o elefante sobre a terra, a terra sobre o vento, o vento filosofante venta para onde quer. O filosofante gigante sobre os ombros de um anão também verá mais longe.
Filosofema retira algemas, descobre o filósofo da gema, faz nascer antenas, penetrar esquemas, abordar todos os temas, reler o poema, inspirar-se no cinema, valorizar o pequeno, o fenômeno, o dilema, remar contra ou a favor da maré.
Filosofice é sempre um risco. Ninguém está livre de pensar contra o pensamento. Ninguém está livre de se aprisionar uma vez mais. Ninguém está livre de pensar que pensa, e despencar do altar que ergueu para si mesmo, confundindo filosofia com empáfia.
Filosofismo é outro risco. Belo risco, afinal, porque somos todos capazes de filosofar. O filosofismo é a filosofia que virou jogada, pretexto, mania, suborno, insulto. O filosofista finge que pensa, e por isso parece pensar melhor que o próprio pensador.
Filosófico texto, contanto que as palavras abram nossa mente e nos façam mentar o mundo. Que o texto filosófico não seja apenas manobra, cobra preparando o bote, veneno que paralisa o leitor e o devora pouco a pouco.
Filosofar, enfim, é começar a pensar sem fim. É pensar quando não se pensa em nada, pensando em tudo. Pensar como sempre. Como nunca.
Gabriel Perissé*
*professor e escritor
Publicado no jornal digital Correio da Cidadania
sábado, junho 27, 2009
sexta-feira, junho 26, 2009
Tuguismo e meio
É autêntico tuguismo a dona Manuela afirmar a pés juntos que Sócrates é um mentiroso porque tinha de saber (ela disse”tem que saber”, mas desconhece o nosso léxico) das pretensões da PT relativamente à TVI, sem possuir prova nenhuma palpável de assim ser.
Por um lado, a golden share apenas dá ao Governo a possibilidade de vetar investimentos considerados estratégicos, não obrigando a uma informação prévia à negociação por parte da administração da empresa; por outro lado, Sócrates pode ser mentiroso - e foi-o ao aumentar os impostos depois de ter prometido não fazê-lo, sem conhecer o legado que a mesma dona Manuela lhe tinha deixado - mas não me parece que seja parvo, e seria uma cretinice total da sua parte tentar “limpar” a TVI a partir de uma empresa em que o Estado detém - por enquanto – uma golden share, quando seria suficiente piscar o olho ao amigo Zapatero para que a Prisa, unha com carne com o PSOE, pusesse a Manuela “bocas” na ordem. Assim, a dona Manuela chamou a Sócrates não apenas mentiroso mas também mentecapto.
É tuguismo e meio vir o PR dar total cobertura aos disparates da sua querida pupila, como se também não soubesse o que é uma golden share, figura por ele trazida para o rectângulo nos anos do “deixem-nos trabalhar”.
Embora eu não goste do Moniz – apenas porque detesto fura-greves - tenho de reconhecer que ele foi o único que se portou à altura nesta novela de curta duração.
quinta-feira, junho 25, 2009
O acidental paladino ocidental
De regresso ao nosso rectângulo após 12 dias de uma espécie de “paz celestial”, durante a qual não houve jornais, rádio, internet ou televisão (no barco havia várias televisões mas nunca encontrei nenhuma ligada e, mesmo que o estivesse, era provável que não houvesse novidades em língua compreensível para mim), vi-me avassalado por uma catadupa de notícias, provindas de meios nacionais e estrangeiros, sobre um pretensa “revolução” verde surgida no Irão após as eleições do dia 12 de Junho.
Como tenho sempre grandes dúvidas sobre as “revoluções” que o ocidente promove e apoia (Geórgia, Ucrânia, Kosovo) e poucas sobre aquelas que combate (Bolívia, Equador, Nicarágua, Venezuela), fui procurar informação sobre o currículo do tal paladino da democracia que o Ocidente queria à força que vencesse as eleições contra a vontade da esmagadora maioria do povo iraniano (votaram 40 milhões de almas, representando 85% dos que têm capacidade eleitoral, e 25 milhões escolherem o “diabo” contra 13,5 milhões que preferiram o “anjo” protegido do império).
O que apurei não me surpreendeu. Mir-Hossein Moussavi foi um protegido de Khomeini, o líder espiritual da dita revolução de 1979, exerceu o cargo de primeiro ministro do Irão entre de 1981 e 1989, durante a guerra com o Iraque, e deixou feitos de se lhe tirar o chapéu.
Durante o seu mandato, todos os partidos e organizações políticas, sindicatos, organizações feministas, estudantis e outras foram perseguidos e os seus membros - incluindo milhares de jovens estudantes de universidades e institutos - foram detidos, torturados e assassinados, na maior matança (estimam-se mais de 30.000 mortos, em poucos meses do ano de 1988) da história contemporânea do Irão. Entre as vítimas do massacre, contaram-se mais de 50 membros do comité central do partido comunista - Tudeh - dos quais 4 tinham passado 25 anos nas masmorras do Xá. Poetas, escritores, professores universitários, médicos, dezenas de militares, os principais representantes das minorias religiosas no parlamento (todos de esquerda), foram executados depois de sofrerem horríveis torturas físicas e psicológicas (como, por exemplo, serem obrigados a dar o tiro de misericórdia nos seus companheiros). As reivindicações das minorias étnicas que, no seu conjunto, constituíam à volta de 60% da população do país, pela autonomia administrativa, foram duramente esmagadas e centenas de curdos e turcomanos foram enforcados nas praças. A magnitude da repressão política, religiosa, étnica e de género foi tal que mais de 4 milhões de pessoas tomaram o caminho do exílio, no maior êxodo iraniano da história.
Em 2008, no 20º aniversário da matança, a Amnistia Internacional publicou um relatório onde pediu que os responsáveis pela “matança das prisões” (assim chamada porque grande parte das vítimas já estava presa quando foi assassinada) prestassem contas à justiça. Os iranianos não esqueceram este passado sangrento e, durante a campanha eleitoral, os estudantes de várias universidades exigiram a Moussavi explicações sobre o papel por ele desempenhado.
Mas não se ficam por aqui as “boas” acções do tal defensor da democracia apadrinhado pelo ocidente. Durante a guerra com o Iraque mandou recrutar grupos de crianças para marcharem através dos campos de batalha a fim de eliminarem as minas terrestres; reintroduziu a pena de morte e os castigos corporais em público para quem não respeitasse a sharia; o consumo de álcool, o sexo fora do casamento e a homossexualidade passaram a ser crimes; o islamismo passou a ser a religião do estado, tendo sido proibidas todas as outras; marxistas, laicos, judeus e católicos foram fuzilados; as mulheres foram proibidas de se maquilharem ou de usarem mini-saias; ouvir música rock ou qualquer outro produto da “decadência” ocidental passou a ser motivo de encarceramento.
Este é o democrata que perdeu por 11,5 milhões de votos para Ahmadinejad e que os políticos e a imprensa ocidental de referência apoiam como paladino de uma “revolução de veludo”.
É verdade que Ahmadinejad não é flor que se cheire. Mas, comparado com o seu opositor, mais parece um menino de coro merecedor das mil virgens que lhe estarão destinadas quando for ter com Alá.
A hipocrisia não tem mesmo limites.
quarta-feira, junho 24, 2009
terça-feira, junho 23, 2009
Impressão Geral
Alvorada às quatro da manhã de ontem, chegada a casa à uma da manhã de hoje. Ver a filhota e bacalhau à lagareiro com vinho verde tinto para matar as saudades e tentar debelar a gripe apanhada em São Petersburgo, onde nos confrontámos com 9 graus de máxima (a temperatura habitual neste época costuma andar pelos 25 graus) contra os 31 que encontrámos em Moscovo.
Entre as duas cidades, 1.500 quilómetros de rios e lagos, onde o pôr do sol, por volta das 23H00, foi um espectáculo a que não estamos habituados e teria sido muito melhor não tivesse havido dois dias de chuva intensa que não nos permitiram pôr o nariz fora das zonas cobertas do barco.
Com muitos altos e poucos baixos, uma viagem para recordar, sempre.
segunda-feira, junho 22, 2009
domingo, junho 21, 2009
sábado, junho 20, 2009
Um de cada vez...
Efigénia, aquela moça feia, coitada, tão desengonçada que nunca tinha conseguido arranjar um namorado, foi pedir auxílio a uma vidente:
- Minha filha - disse a vidente - Nesta vida você não vai ser muito feliz no amor, mas, na próxima encarnação, você será uma mulher muito cobiçada e todos os homens se arrastarão aos seus pés...
Efigénia saiu de lá muito feliz e, ao passar por um viaduto, pensou:
"Quanto mais cedo eu morrer, mais cedo começará a minha outra vida!" e decidiu atirar-se de lá de cima, do viaduto. Mas, por uma dessas incríveis coincidências, Efigénia não morreu... Efigénia caiu de costas em cima de um camião carregado de bananas, perdendo, então, os sentidos...
Assim que recuperou, ainda atordoada e sem saber onde estava, começou a apalpar à sua volta e, sentindo a protuberância das bananas, murmurou, com um sorriso nos lábios:
"Um de cada vez... por favor! Um de cada vez..."
sexta-feira, junho 19, 2009
quinta-feira, junho 18, 2009
A Gota
O fim de um temporal
ou o fruto do orvalho.
Prenúncio de um dia quente
rolando num rosto suado.
O cheiro da comida gostosa
escorrendo da boca aflita.
Início de um drama doméstico
brotando insuspeita no telhado
A Gota, o fim, o que faltava.
O transbordar de uma emoção contida
no olhar doente e cansado
Ou a tremida no canto d´olho
da noiva feliz com o noivado.
O presente maldito do pombo
num dia amaldiçoado
A gota, o fim, o que faltava
O limite de um homem cansado
Uma bolha de proteção contra o medo
na ilusão da criança abandonada
A explosão do orgasmo feminino.
O fim do alívio da bexiga.
O líquido derramando do copo.
O cabelo molhado da moça.
A gota, o fim, o que faltava.
O varal, a torneira, a louça.
O limite, a gota d´água
Cristine Gerk*
*poetisa brasileira
quarta-feira, junho 17, 2009
terça-feira, junho 16, 2009
segunda-feira, junho 15, 2009
domingo, junho 14, 2009
sábado, junho 13, 2009
sexta-feira, junho 12, 2009
quinta-feira, junho 11, 2009
: x - + %
Ao se dividir, você se multiplica.
Ao se subtrair, adiciona a alguém.
No percentual da vida,
Às vezes dividida,
Uma soma estranha,
Onde o que sobra é tão grande,
O que vai tão pequeno,
Que fica difícil saber se,
Na prova dos nove,
A menos que alguém prove,
As contas são certas,
As equações corretas
E as soluções as metas.
Cristina Fróes*
*poetisa carioca
quarta-feira, junho 10, 2009
terça-feira, junho 09, 2009
Soneto da fidelidade
Dedicado à mulher com quem partilho a minha vida
há 33 anos e que celebra hoje o 61º aniversário.
De tudo, ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.
Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei-de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento.
E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama
Eu possa (me) dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.
Vinicius de Moraes
segunda-feira, junho 08, 2009
A Mulher e a Lua
A lua está cheia esta noite
Absoluta ela
Me enche, clareia, consome
Meus poros suam o luar cheio
Molho lençóis
Ouço músicas mágicas
E tenho em minha cama mais que a mim
Gozo amores arqueados
Memórias em transe
Incêndio
Olhos vadios
E a lua algema a mim e a ele
E ilumina, nele, meu desvario
Ele não sabe
Ele não sabe que dentro desta mesma noite
De luz cheia, o meu desejo
Galopa.
Cristina Areias*
*poetisa brasileira
domingo, junho 07, 2009
Visto do sofá
De um lado, 11 cabouqueiros a actuarem como equipa, liderados por um polícia à civil ostensivamente guardado por outros polícias fardados, e a utilizarem a dureza do hóquei sobe gelo numa relva mal tratada.
Do outro, 11 primas donas, algumas das quais galácticas, cada uma a jogar para si, desorientadas por um treinador de infantis declaradamente inepto para dirigir homens de barba rija, com avançados a jogarem à defesa, médios dentro da baliza e defesas por detrás dela.
No meio, uma equipa de quatro alemães com antolhos, de costas voltadas para o jogo e para a sarrafada.
No fim, ganharam as primas donas com um golo tardio, mas ainda bem, para alimentar o sonho e o ego por mais uns mesitos.
Conclusões:
As primas donas não podem queixar-se de o árbitro não apitar às sarrafadas verdadeiras fora e dentro da área quando se habituaram a mergulhar para a piscina ao sentirem o deslizar de uma formiga nas pernas;
Os albaneses já aprenderam duas grandes lições com Portugal: atirarem-se para o chão à picada de uma pulga e contestarem o árbitro zarolho por tudo e por nada;
Quando a Alemanha decidir estabelecer um numerus clausus na UE, é provável que queira substituir Portugal pela Albânia, dado os albaneses serem muito mais anti-sérvios do que nós.
sábado, junho 06, 2009
sexta-feira, junho 05, 2009
da morte escura
Federico Garcia Lorca nasceu a 5 de Junho de 1898, numa aldeia próxima de Granada, e foi barbaramente assassinado com um tiro na nuca na madrugada de 18 de Agosto de 1936 pelos carniceiros do caudillo. Depois da morte do ditador, a sua escrita, proibida durante o fascismo, foi reabilitada, mas os seus algozes nunca foram punidos. No 111º aniversário do seu nascimento, deixo o poema da morte escura, cujo tradutor não consegui identificar.
Quero dormir o sono das maçãs,
afastar-me do tumultuar dos cemitérios.
Quero dormir o sono do menino
que queria cortar o coração no alto mar.
Não quero que me repitam que os mortos não perdem o sangue;
que a boca podre continua a pedir água.
Não quero conhecer os martírios que a erva dá,
nem a lua com boca de serpente
que trabalha antes do amanhecer.
Quero dormir um pouco,
um pouco, um minuto, um século;
mas todos saibam que não morri ainda;
que há um estábulo de oiro nos meus lábios;
que sou o pequeno amigo vento do Oeste;
que sou a imensa sombra de minhas lágrimas.
De madrugada, cobre-me com um véu,
porque me lançará punhados de formigas,
e molha com água dura meus sapatos
para que resvale a pinça de seu lacrau.
porque quero dormir o sono das maçãs
para aprender um pranto que me limpe de terra;
porque quero viver com o menino escuro
que queria cortar o coração no alto mar.
Federico Garcia Lorca
Avanço da extrema direita
Na Holanda, o país da União Europeia (e talvez do mundo) mais aberto no que aos costumes diz respeito, a extrema direita xenófoba e racista acaba de registar uma retumbante vitória, com o PVV, fundado e liderado pelo polémico Geert Wilders (na foto), autor do ainda mais polémico filme anti-islâmico Fitna, a alcançar o segundo lugar na primeira vez em que concorre às eleições europeias.
O que terá levado os holandeses, nomeadamente em cidades como Roterdão onde o PVV ficou em primeiro lugar com 22% dos votos, a votarem duma forma tão ultra-conservadora? O medo do mundo islâmico não pode explicar tudo, principalmente quando se trata de uma população de mentalidade normalmente aberta e multicultural.
quinta-feira, junho 04, 2009
Um novo começo?
Para quem continua - e eu ainda continuo - a dar o benefício da dúvida ao Presidente dos Estados Unidos, o discurso proferido hoje na Universidade do Cairo, perante uma plateia de mais de 3.000 convidados, merece ser lido com atenção.
O arrojado discurso, que materializou uma promessa de há quase dois anos de, se eleito Presidente, se dirigir aos muçulmanos a partir da capital de um país muçulmano, foi, talvez, o mais arriscado do seu ainda curto mandado e o orador reconheceu que os objectivos não seriam fáceis de alcançar.
Depois de se referir à longa duração das relações entre os Estados Unidos e os países muçulmanos (realçando que Marrocos foi o primeiro país a reconhecer os Estados Unidos) e à importância que os muçulmanos tiveram nas ciências, nas letras e nas artes, Obama enumerou as sete fontes de maior tensão que têm de ser encaradas em conjunto: a necessidade de confrontar o extremismo violento em todas as suas formas; a discussão da situação entre israelitas, palestinos e o mundo árabe; os direitos e responsabilidades das nações no que concerne ao armamento nuclear; a defesa da democracia no respeito pela cultura de cada povo; os direitos das mulheres; a liberdade e tolerância religiosas; o desenvolvimento económico.
Em cada uma e em todas as questões transparece uma diferença abissal entre o que agora é dito e o que era apregoado pelo seu antecessor.
Outro acontecimento de hoje a merecer atenção – se bem que, aqui, com muito cepticismo da minha parte, dados os antecedentes de quem escreve – é a coluna publicada no Times pelo Presidente de Israel e intitulada O tempo está maduro para acabar com o conflito israelo-árabe. Por entre um clima de crispação e de instilação do medo entre os israelitas - obrigados a 5 dias seguidos de simulações de ataques com mísseis de longo alcance carregados com armas químicas e biológicas - e perante declarações contraditórias do ministro dos Negócios Estrangeiros, que afirmou que atacar o Irão está fora de causa, e do ministro da Defesa, que disse que todas as opções estão em cima da mesa, se as palavras de Peres fossem sinceras poderia mesmo haver luz ao fundo do túnel.
Imagem: Stephen Crowley/The New York Times
quarta-feira, junho 03, 2009
Asneios
Enquanto os zornões se mordem sem tréguas por praças, feiras e descampados, o povinho faminto vai caindo da garupa da burricada!
Imagem: Kai Pfaffenbach/Reuters
terça-feira, junho 02, 2009
Se a moda pega...
Se a proposta de emenda à lei de 1994 sobre Violência Doméstica for aprovada, na Malásia passará a ser crime o marido chamar feia à mulher, já que a proposta incluiu uma cláusula sobre “violência emocional” e chamar feia a uma mulher pode marcá-la profundamente e diminuir a sua auto-estima, dignidade e auto-confiança. Pelo menos foi isso que o director geral do Departamento para o Desenvolvimento da Mulher disse ao jornal malaio The Star, como se pode verificar aqui.
Se a moda pega por cá, estamos bem tramados. Se dissermos “lindeza”, “bonitona”, “bijou”, “lasca”, “docinho”, “boazona”, “grande pedaço” ou algo do género, seremos acusados de assédio. Se dissermos “feiosa”, “frasco”, “espirra canivetes”, “camafeu” ou “horrorosa” somos violentos. Ai minha nossa!!!
segunda-feira, junho 01, 2009
Uma Filosofia Toda
As bolas de sabão que esta criança
Se entretém a largar de uma palhinha
São translucidamente uma filosofia toda.
Claras, inúteis e passageiras como a Natureza,
Amigas dos olhos como as cousas,
São aquilo que são
Com uma precisão redondinha e aérea,
E ninguém, nem mesmo a criança que as deixa,
Pretende que elas são mais do que parecem ser.
Algumas mal se vêem no ar lúcido.
São como a brisa que passa e mal toca nas flores
E que só sabemos que passa
Porque qualquer cousa se aligeira em nós
E aceita tudo mais nitidamente.
Alberto Caeiro, in "O Guardador de Rebanhos”