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sexta-feira, junho 05, 2009

da morte escura Federico Garcia Lorca nasceu a 5 de Junho de 1898, numa aldeia próxima de Granada, e foi barbaramente assassinado com um tiro na nuca na madrugada de 18 de Agosto de 1936 pelos carniceiros do caudillo. Depois da morte do ditador, a sua escrita, proibida durante o fascismo, foi reabilitada, mas os seus algozes nunca foram punidos. No 111º aniversário do seu nascimento, deixo o poema da morte escura, cujo tradutor não consegui identificar. Quero dormir o sono das maçãs, afastar-me do tumultuar dos cemitérios. Quero dormir o sono do menino que queria cortar o coração no alto mar. Não quero que me repitam que os mortos não perdem o sangue; que a boca podre continua a pedir água. Não quero conhecer os martírios que a erva dá, nem a lua com boca de serpente que trabalha antes do amanhecer. Quero dormir um pouco, um pouco, um minuto, um século; mas todos saibam que não morri ainda; que há um estábulo de oiro nos meus lábios; que sou o pequeno amigo vento do Oeste; que sou a imensa sombra de minhas lágrimas. De madrugada, cobre-me com um véu, porque me lançará punhados de formigas, e molha com água dura meus sapatos para que resvale a pinça de seu lacrau. porque quero dormir o sono das maçãs para aprender um pranto que me limpe de terra; porque quero viver com o menino escuro que queria cortar o coração no alto mar. Federico Garcia Lorca

2 comentários:

  1. De quando em vez preciso de ler um poema deste génio da poesia...

    Y que yo me la llevé al río
    creyendo que era mozuela,
    pero tenía marido.
    Fue la noche de Santiago
    y casi por compromiso.
    Se apagaron los faroles
    y se encendieron los grillos.
    En las últimas esquinas
    toqué sus pechos dormidos,
    y se me abrieron de pronto
    como ramos de jacintos...

    ( excerto de "La casada infiel" - Romancero Gitano )

    A facilidade com que ele jogava com as palavras!...
    Um abraço
    Idaldina

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