How many times must a man look up, Before he can see the sky? How many ears must one man have, Before he can hear people cry? The answer, my friend, is blowin' in the wind. The answer is blowin' in the wind.
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terça-feira, fevereiro 17, 2009
Os servos de ontem e de hoje
Giordano Bruno, jovem e irreverente teólogo e filósofo italiano, foi queimado na fogueira da inquisição há 409 anos, por defender, entre outras “heresias”, que o universo seria infinito e povoado por milhares de sistemas solares. Da vasta obra que publicou na sua curta vida, há um livro de 1584 intitulado De Infinito, Universo e Mondi (Acerca do Infinito, do Universo e dos Mundos), escrito em forma de carta ao Cavaleiro Michel de Castelnau, então embaixador da França em Inglaterra, cujo preâmbulo mantém, ainda hoje, toda a pertinência:
Se eu, ilustríssimo Cavaleiro, manejasse um arado, apascentasse um rebanho, cultivasse uma horta, remendasse uma veste, ninguém me daria atenção, poucos me observariam, raras pessoas me censurariam e eu poderia facilmente agradar a todos. Mas, por ser eu delineador do campo da natureza, por estar preocupado com o alimento da alma, interessado pela cultura do espírito e dedicado à actividade do intelecto, eis que os visados me ameaçam, os observados me assaltam, os atingidos me mordem, os desmascarados me devoram. E não é só um, não são poucos, são muitos, são quase todos. Se quiserdes saber por que isto acontece, digo-vos que o motivo é que tudo me desagrada, detesto o vulgo, a multidão não me contenta. Somente uma coisa me fascina: aquela em virtude da qual me sinto livre na sujeição, contente no sofrimento, rico na indigência e vivo na morte. Aquela em virtude da qual não invejo os que são servos na liberdade, sofrem no prazer, são pobres nas riquezas e mortos em vida, porque trazem no próprio corpo os grilhões que os prendem, no espírito o inferno que os oprime, na alma o erro que os debilita, na mente o letargo que os mata. Não há, por isso, magnanimidade que os liberte nem longanimidade que os eleve, nem esplendor que os abrilhante, nem ciência que os avive.
Qualquer semelhança entre os servos de há 425 anos e os opinantes “de referência” dos nossos dias não é pura coincidência.
A lucidez sempre incomodou.
ResponderEliminarNem por isso os lúcidos o deixaram de ser.
O Tempo lhes deu o crédito.
Como disse Pessoa: "Tratem da fama e do comer, que amanhã é dos loucos de hoje!"
Abraço,
PAZ e LUZ