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sexta-feira, maio 09, 2008

No País dos Sacanas* Que adianta dizer-se que é um país de sacanas? Todos os são, mesmo os melhores, às suas horas, e todos estão contentes de se saberem sacanas. Não há mesmo melhor do que uma sacanice para poder funcionar fraternalmente a humidade da próstata ou das glandulas lacrimais, para além das rivalidades, invejas e mesquinharias em que tanto se dividem e afinal se irmanam. Dizer-se que é de heróis e santos o país, a ver se se convencem e puxam para cima as calças? Para quê, se toda a gente sabe que só asnos, ingénuos e sacaneados é que foram disso? Não, o melhor seria aguentar, fazendo que se ignora. Mas claro que logo todos pensam que isto é o cúmulo da sacanice, porque no país dos sacanas, ninguém pode entender que a nobreza, a dignidade, a independência, a justiça, a bondade, etc., etc., sejam outra coisa que não patifaria de sacanas refinados a um ponto que os mais não são capazes de atingir. No país dos sacanas, ser sacana e meio? Não, que toda a gente já é pelo menos dois. Como ser-se então nesse país? Não ser-se? Ser ou não ser, eis a questão, dir-se-ia. Mas isso foi no teatro, e o gajo morreu na mesma. Jorge de Sena *a propósito da "ratificação" definitiva de um tal tratado de lisboa (minúsculas intencionais)

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