How many times must a man look up, Before he can see the sky? How many ears must one man have, Before he can hear people cry? The answer, my friend, is blowin' in the wind. The answer is blowin' in the wind.
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segunda-feira, janeiro 21, 2008
O subprime
Nos últimos meses temos sido bombardeados a torto e a direito com a “crise do subprime”, mas as indicações que nos dão é que isso é uma coisa dos americanos que tem a ver com hipotecas de alto risco e que pouco ou nada nos afectará. Mas será mesmo assim?
Em termos muito chãos, para não maçar a(o)s amiga(o)s que se dão ao trabalho de me visitar, subprime é um tipo de crédito de alto risco para a compra de casa, típico dos Estados Unidos e sem um paralelismo exacto na Europa, concedido a pessoas que, pelo seu mau historial de crédito ou pelo seu baixo rendimento, não conseguiriam ter acesso ao crédito em condições normais ( o chamado crédito prime). Digamos, que, de um modo simplista e apenas como ilustração, é algo semelhante ao crédito ao consumo que por cá se pratica, só que numa perspectiva de longo prazo, dado que estamos a falar de valores elevados por prazos muito dilatados no tempo e, por isso mesmo, muito mais perigoso.
Neste tipo de crédito, em que a única garantia é a hipoteca da casa, os credores correm um risco muito maior, já que os mutuários podem entrar em incumprimento a qualquer momento, pelo que as taxas de juro são bastante mais elevadas do que no crédito dito normal.
O subprime teve um desenvolvimento enorme quando a Reserva Federal dos Estados Unidos (FED) começou a baixar as taxas de juro para estimular o mercado imobiliário, com vista a controlar os efeitos dos ataques de 11 de Setembro na economia do país. Em 2003 a taxa de juro tinha descido ao nível do 1% e várias instituições bancárias tinham passado a ser muito menos exigentes na concessão de crédito.
Com a subida das taxas de juros e a queda dos preços das casas (uma casa que, por exemplo, tinha sido adquirida por 400.000 dólares, passou a valer menos de 300.000) muita famílias deixaram de poder pagar as prestações, levando à falência dezenas de instituições de crédito imprudentes que operavam nesse segmento.
Tais instituições de crédito, para terem dinheiro para emprestar, tinham emitido títulos com base em cabazes de empréstimos, títulos esses comprados por instituições financeiras e fundos de investimento de todo mundo. Como resultado, quando o sistema do subprime entrou em ruptura e tais títulos passaram a ser lixo ou quase, a crise de liquidez atingiu também a Europa, com o Banco Central Europeu e o Banco de Inglaterra a terem de injectar no sistema financeiro mais de cem mil milhões de euros.
Neste momento, as consequências para a economia global ainda não estão totalmente calculadas, mas estima-se que os prejuízos se situem na casa das centenas de milhares de milhões de euros ( Só o Citigroup reconheceu, em 2007, prejuízos de dezanove mil milhões de dólares motivados pelo colapso do subprime).
Em Portugal ainda não se conhece publicamente a dimensão das consequências, mas é de admitir que algo de negativo se possa verificar ao nível dos fundos de investimento, da banca e dos seguros (neste último caso mais por via do eventual agravamento das condições internacionais de resseguro – que é o seguro do seguro – dado que as grandes resseguradoras europeias têm alguma exposição ao mercado norte americano).
A ver vamos!
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