How many times must a man look up, Before he can see the sky? How many ears must one man have, Before he can hear people cry? The answer, my friend, is blowin' in the wind. The answer is blowin' in the wind.
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segunda-feira, dezembro 17, 2007
A Venezuela vista da Argentina
Dialéctica de uma derrota
Como explicar a derrota do Sim e até que ponto foi só uma derrota?
Chavez enfrentou uma fenomenal coligação política e social que aglutinava todas as forças da velha ordem, carcomida até às entranhas mas com os seus agentes históricos a travarem uma batalha desesperada para salvá-la. A grande burguesia autóctone, os latifundiários, o capital financeiro, os dirigentes sindicais corruptos, a velha partidocracia, a hierarquia da Igreja Católica, a embaixada norte-americana, obcecada em derrubá-lo, e, a coroar todo este fluxo de descarga, uma confabulação mediática nacional e internacional poucas vezes vista na história, a qual reunia nos seus ataques a Chavez os grandes expoentes da "imprensa livre" da Europa, Estados Unidos e América Latina. O líder bolivariano atraiu contra si todos os espantalhos sociais com os quais deve lidar qualquer governo digno na América Latina e combateu-os quase em solidão e de mãos limpas. O que unificou os conservadores não foi a cláusula da "reeleição permanente" e sim algo muito mais grave: a reforma concedia categoria constitucional ao projecto socialista em gestação, algo totalmente inaceitável. Apesar de tão descomunal disparidade, o resultado eleitoral foi praticamente um empate.
Para muitos venezuelanos a eleição não era importante, o que explica os 44 por cento de abstenção. A grande maioria dos que não compareceram para votar tê-lo-iam feito pelo Sim, o que revela a debilidade do trabalho de construção hegemónica e de consciencialização ideológica dos bolivarianos no seio das classes populares. A redistribuição de bens e serviços é imprescindível, mas não necessariamente cria consciência política emancipadora. Por outro lado, alguns governadores e alcaides chavistas não se empenharam a fundo em favor de uma reforma constitucional que democratizaria, em prejuízo das suas atribuições, a organização política do Estado ao criar novas instituições do poder popular. Além disso, há que levar em conta que após nove anos de gestão qualquer governo sofre um desgaste ou deixa de suscitar o entusiasmo colectivo de antanho. A isto há que acrescentar, além disso, alguns erros cometidos na campanha eleitoral intermitente de um presidente que, pelo seu papel protagónico no cenário mundial, não dispõe de muito tempo para outra coisa.
De qualquer modo, apesar da derrota, Chavez saiu-se muito bem. Suas credenciais democráticas fortaleceram-se notavelmente. A oposição chegou às eleições dizendo que jamais aceitaria um triunfo do Sim. Caso se verificasse, repudiá-lo-iam por ser produto da fraude e poriam em andamento o "Plano B" da Operación Tenaza . Os que se diziam democratas confessavam que só se comportariam como tais no caso de ganhar; senão, a sua resposta seria a sedição. Chavez, em contrapartida, deu-lhes um lição de republicanismo democrático ao aceitar com fidalguia o veredicto das urnas. Imaginemos o que teria acontecido se por essa ínfima diferença houvesse triunfado o Sim. Os porta-vozes da "democracia" teriam incendiado a Venezuela. Apesar da sua derrota, a estatura moral de Chavez e a sua fidelidade aos valores da democracia converte em pigmeus os seus oportunistas adversários, que só respeitam o resultado das urnas quando este os favorece. E, de passagem, deixa numa posição insustentável os senadores brasileiros que, sob o pretexto da débil vocação democrática de Chavez, querem frustrar a entrada da Venezuela no Mercosul.
Atilio Borón*
*Economista e sociólogo. Secretario general do Conselho Latino-americano de Ciências Sociais (CLACSO) até Agosto de 2006. Professor Titular de Teoria Política e Social da Faculdade de Ciências Sociais da Universidade de Buenos Aires.
Se calhar alguns dos senadores brasileiros que se opôem à entrada da Venezuela no Mercosul, não se opuseram à "entrada" dos Generais no Brasil.
ResponderEliminarjrd
Ora nem mais! Nem a esses, nem ao Pinochet, nem aos que, em 2002, tentaram derrubar o Hugo.
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