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sexta-feira, outubro 19, 2007

Vinícius, sempre! Vinícius, se fosse vivo, completaria hoje 94 anos. E eu, seu modesto admirador, que se não fosse português teria outra nacionalidade qualquer, dedico a parte final deste seu soneto aos políticos do meu país que vejo tão contentes por se terem vendido por um "prato de lentilhas". Vinícius, o grande, não gostaria da intimidade deles: Soneto da intimidade Nas tardes de fazenda há muito azul demais. Eu saio as vezes, sigo pelo pasto, agora Mastigando um capim, o peito nu de fora No pijama irreal de há três anos atrás. Desço o rio no vau dos pequenos canais Para ir beber na fonte a água fria e sonora E se encontro no mato o rubro de uma amora Vou cuspindo-lhe o sangue em torno dos currais. Fico ali respirando o cheiro bom do estrume Entre as vacas e os bois que me olham sem ciúme E quando por acaso uma mijada ferve Seguida de um olhar não sem malícia e verve Nós todos, animais, sem comoção nenhuma Mijamos em comum numa festa de espuma. Vinicius de Moraes

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