Memória de Adriano
Nas tuas mãos tomaste uma guitarra
copo de vinho de alegria sã
sangria do suor e de cigarra
que à noite canta a festa da manhã.
Foste sempre o cantor que não se agarra
o que à terra chamou amante e irmã
mas também português que investe e marra
voz de alaúde e rosto de maçã.
O teu coração de ouro veio do Douro
num barco de vindimas de cantigas
tão generosas como a liberdade.
Resta de ti a ilha dum tesouro
a jóia com as pedras mais antigas
não é saudade, não! É amizade.
Ary dos Santos
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