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sábado, junho 16, 2007

Presídio Nem todo o corpo é carne... Não, nem todo. Que dizer do pescoço, às vezes mármore, às vezes linho, lago, tronco de árvore, nuvem, ou ave, ao tacto sempre pouco...? E o ventre, inconscientemente como o lodo?... E o morno gradeamento dos teus braços? Não, meu amor... Nem todo o corpo é carne: é também água, terra, vento, fogo... É sobretudo sombra à despedida; onda de pedra em cada reencontro; no parque da memória o fugidio Vulto da Primavera em pleno Outono... Nem só de carne é feito este presídio, pois no teu corpo existe o mundo todo! David Mourão-Ferreira (No 11º aniversário do seu falecimento)

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