Almada Negreiros
Artista multifacetado - pintor, escritor, poeta, ensaísta, dramaturgo e romancista português ligado ao grupo modernista - José Sobral de Almada Negreiros, nascido em S. Tomé a 7 de Abril de 1893, faleceu em Lisboa há 37 anos, no dia 15 de Junho de 1970.
Em 1913 apresentou na Escola Internacional de Lisboa a sua primeira exposição individual composta por 90 desenhos, na qual travou conhecimento com Fernando Pessoa, com quem editou a Revista Orpheu, em 1915, juntamente com Mário de Sá Carneiro e Luís de Montalvor.
Júlio Dantas, médico, poeta, jornalista e dramaturgo, a maior figura da intelectualidade da época, afirmou que a revista era feita por gente sem juízo. Com 22 anos apenas, irónico, mordaz e provocador, Almada respondeu com o Manifesto Anti-Dantas, onde escreveu: “Basta pum basta!!!Uma geração que consente deixar-se representar por um Dantas é uma geração que nunca o foi. É um coio d’indigentes, d’indignos e de cegos, e só pode parir abaixo de zero! Abaixo a geração! Morra o Dantas, morra! Pim!” O Manisfesto pode ser ouvido aqui, na superior interpretação do grande Mário Viegas.
Após ter passado um ano em Paris para onde foi em 1919, em 1927 parte para Espanha, donde regressará 5 anos depois.
Em 1933, por intermédio de António Ferro, com quem tinha colaborado anos antes, tendo desenhado, até, a capa do seu livro Arte de Bem Morrer, Almada elaborou o cartaz para o SPN (Secretariado da Propaganda Nacional): Votai uma nova Constituição. É uma colaboração que se inicia. Não com subserviência. Não sem críticas. Mas colaboração, apesar de tudo. Uma mancha que, sendo significativa, não é suficiente para obscurecer toda a sua arte.
A sombra sou eu
A minha sombra sou eu,
ela não me segue,
eu estou na minha sombra
e não vou em mim.
Sombra de mim que recebo a luz,
sombra atrelada ao que eu nasci,
distância imutável de minha sombra a mim,
toco-me e não me atinjo,
só sei do que seria
se de minha sombra chegasse a mim.
Passa-se tudo em seguir-me
e finjo que sou eu que sigo,
finjo que sou eu que vou
e não que me persigo.
Faço por confundir a minha sombra comigo:
estou sempre às portas da vida,
sempre lá, sempre às portas de mim!
Almada Negreiros
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