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terça-feira, março 13, 2007

Direito à indignação Uma posta de ontem, com o título A PIDE não torturava, afixada pelo João Vasconcelos Castro no seu Bloco de Notas, também me deu vontade de desatar a dizer coisas naquele vernáculo tipicamente português. Não li o Público do Domingo, pelo que só conheço aquilo que JVC transcreve da notícia. Mas vir invocar um memorando do Departamento de Justiça dos Estados Unidos, datado de 30 de Dezembro de 2004, quatro dias depois de o The New York Times ter feito referência a um estudo, publicado na véspera, que aponta para a não existência de distinção entre “tortura” e “tratamento cruel, degradante e inumano”, suscita interrogações sobre as linhas com que se cose o Público, no que toca aos métodos de tortura da polícia política da ditadura salazarista. E mais: confundir aquilo que o The New York Times cita do referido memorando com a opinião do próprio jornal, que é totalmente oposta, como se pode ver nesta peça jornalística do dia 6 de Março, revela uma de duas coisas – ou o jornalista que escreveu a notícia do Público é incompetente e não sabe, sequer, interpretar o que diz um outro jornal ou então, e isso é muito mais grave, agiu de má fé para branquear o comportamento da PIDE aos olhos dos leitores. Para alguém mais interessado, pode encontrar o estudo completo no The Archives of General Psychiatry de Março. Como cantava o Zeca, "o que faz falta é avisar a malta".

2 comentários:

  1. Lino, há muito que os nossos "jornalistas" vêem as notícias pela rama, sem aprofundar, sem estudar, sem questionar. Tornaram-se papagaios disfuncionais ao serviço de linhas editoriais espartilhadas por grupos de interesses, nada mais do que isso.
    Infelizmente, pois a democracia precisa de uma imprensa de facto livre e responsável, algo que pura e simplesmente desapareceu no universo português.

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  2. Pois é, Graça. E intitulam-se jornal de referência. Referência de quê? Só se for da incompetência. Já tens duas rimas (e a ideia) para um poema.

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