sábado, julho 26, 2014

Solidão

Vago aroma de esteva, ao mesmo tempo ardente e virgem,
E este murmúrio doce da folhagem,
São o falar do mato, na estiagem,
Segredando os mistérios da origem.

Calma profunda, doce, resignada...
A vida não é mais do que o viver
Da paisagem nostálgica e pasmada.

A solidão tem dedos de veludo,
De frementes afagos delicados.
- Bendita solidão, que beijas tudo,
Onde andarão meus sonhos desvairados?!...

Nestes montados, Que purificação me invade a alma!
Como entra, em mim, toda a serenidade
Dos ermitões, orando na paisagem!

Nesta paisagem,
Calma, calma, calma,
Como a Eternidade.


(poeta portuense nascido a 26 de Julho de 1905)

1 comentário:

jrd disse...

De veludo, a solidão é melhor do que a multidão.

Abraço