domingo, setembro 19, 2010

Pela rua 

Caminho pela rua...
quantos destinos cruzam-se comigo,
quantas vidas diferentes de outras vidas,
quantas faces diferentes de outras faces... 

Vou passando por muitos
(enquanto eles também passam por mim)
e perscruto seus gestos, seus modos, seus olhares. 

Vejo gente sorrindo,
vejo gente cansada,
gente altiva, gente humilde, gente triste...
não vejo alguém chorando,
mas, quanta gente choraria o pranto
guardado, se não fosse a vergonha
de chorar pela rua. 

Na rua passa tudo, passam todos
passa a noite, o silêncio, o barulho,
até os mortos passam pela rua.
E suas casas, suas luzes, suas pedras
também olham, perscrutam e testemunham
a tudo e todos que passam
pela rua.

Gizelda Morais

(poetisa brasileira)

2 comentários:

Barbara disse...

É.
Transeuntes não apenas "transitam".

Helenice Priedols disse...

Gostaria de ter escrito isso. Sinto esta proximidade com o estranho que passa, invadimo-nos com olhares, presenças e gestos. Há uma estranheza tão familiar!
Abraço e obrigada por partilhar.