quinta-feira, dezembro 17, 2009

Ecos de Copenhaga




























A humanidade já não está dividida entre conservadores e liberais, reaccionários e progressistas, embora ambos os lados sejam influenciados pela antigas políticas. Hoje, as linhas de combate são traçadas entre expansionistas e restricionistas; aqueles que acreditam que não devia haver impedimentos e aqueles que acreditam que temos de viver dentro de limites. As ferozes batalhas que temos visto até agora entre verdes e negacionistas das alterações climáticas, os activistas da segurança rodoviária e os monstros da velocidade, os genuínos grupos de base e os impostores patrocinados pelas corporações, são apenas o início. Esta guerra tornar-se-á muito mais feia à medida que as pessoas escoiceiam contra os limites que a decência exige.

Uma útil reflexão do escritor, académico, jornalista e activista George Monbiot nas vésperas do encerramento da cimeira de Copenhaga e quando negacionistas de quadrantes políticos opostos continuam a fechar os olhos ao óbvio. Uns, como Sarah Palin, Rush Limbaugh, Glenn Beck e afins, por ignorância e porque obedecem à voz dos lóbis do petróleo e do carvão. Os outros, não sendo ignorantes, vivem há várias décadas numa cegueira ideológica que os faz confundir ciência com o oportunismo de indivíduos como Al Gore e uma mão cheia de burocratas; afadigam-se, por isso, a defender teses com quase uma década, dando todo o crédito a alguns dos poucos cientistas que negam as alterações climáticas, incluindo quem já não se encontra por cá, e desprezando as dezenas, senão mesmo centenas de milhares que pensam exactamente o contrário, como o demonstra a posição oficial da AAAS, a maior organização mundial de cientistas que, por si só, conta com 10 milhões de membros.

É verdade que a ciência não é de “esquerda” nem de “direita”, pois deve preocupar-se com a procura da verdade. Mas permanecer cego às provas avassaladoras e aproveitar acções criminosas de outrem para tentar negar o óbvio (como tem sido a utilização do chamado Climategate, que apenas revelou que os cientistas são humanos e às vezes erram mas não confirmou qualquer censura de dados como se quis fazer crer) é uma atitude troglodita, reaccionária e típica da extrema direita política.