Amar-te é
Vir de Longe
Amar-te é
vir de longe,
descer o rio
verde atrás de ti,
abrir os
braços longos desde os sete
anos sob a
latada ao pé do largo,
guardar o
cheiro a figos vistos lá,
a olho nu,
ao pé, ao pé de ti,
parar a
beber água numa fonte,
um acaso
perdido no caminho
onde os
vimes me roçam a memória
e te
anunciam mãos e te perfazem;
como se o
sino à hora de tocar
já fosse o
tempo todo badalado,
e a tua boca
se abrisse atrás do tojo,
e abaixo dos
calções as pernas nuas
se rasgassem
só para o pequeno sangue,
tal o
pequeno preço que me pedes.
Atrás da
curva estavas, és, serias,
nos muros de
granito, nas amoras.
Amar-te era
lembrança e profecias,
uma porta já
feita para abrir,
e encontrar
o lar ou música lavada
onde, se
nasces, vives, duras, moras
- meu nome
exacto e pão
no chão das
alegrias.
Pedro Tamen
Posta dedicada à minha companheira, com quem casei faz hoje 40
anos
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