Poema do
amante da viúva do tuberculoso
Para mim és
um mito,
és o
fantasma de teu marido
que morreu
tossindo de madrugada,
engasgando
em sangue,
és o símbolo
do tísico,
és o
tuberculoso vestido em carnes novas.
A presença
real de teu marido
agarra-se
inexorável á floração de tuas carnes
na minha
obsessão,
terror
diabólico que me inibe o prazer,
receio
angustioso que me veda a satisfação!
Preciso
possuir-te brutalmente
para não
sentir tocar-me o peito batido,
as pernas
magras, a pélvis saltada do tísico....
teu amor
seria tão bom
se o defunto
tivesse morrido mesmo,
meu mal foi
conhecer teu marido tossindo a noite inteira,
a luz acesa
coando por baixo da porta.
(escritor
goiano nascido faz hoje 101 anos)
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