Ode
Oh tempo de
hoje
a tua face
é odiada
por milhões
Quem não te
amaldiçoou
ao menos uma
vez?
e não
crispou
as mãos e o
rosto ao menos uma vez
ao remoinho
impiedoso
das tuas
contradições?
Meu tempo
meu tempo
feito de
braços decepados
com gritos
reprimidos
tua poesia
de dentes cariados
teus sonhos
desmentidos
e ainda
sempre amados
Vêem-te o
esgar
Vivem-te o
bafo pestilento
todos te
odeiam Sim
Mas eu
amo-te tempo
dos meus
dias
e dou-te com
fervor
a toda a
hora
o mais
profundo e mais inolvidável
que há em
mim
(Mário
Dionísio faleceu faz hoje 23 anos)
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