Balança
Com pesos
duvidosos me sujeito
À balança
até hoje recusada.
É tempo de
saber o que mais vale:
Se julgar,
assistir, ou ser julgado.
Ponho no
prato raso quanto sou,
Matérias,
outras não, que me fizeram,
O sonho
fugidiço, o desespero
De prender
violento ou descuidar
A sombra que
me vai medindo os dias;
Ponho a vida
tão pouca, o ruim corpo,
Traições
naturais e relutâncias,
Ponho o que
há de amor, a sua urgência,
O gosto de
passar entre as estrelas,
A certeza de
ser que só teria
Se viesses
pesar-me, poesia.
(José
Saramago nasceu faz hoje 94 anos)
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