As Almas
Vejo passar,
na infinda solidão,
Vultos de
almas, figuras de emoção;
Os poetas do
silêncio que não cantam,
Os doidos
que, de súbito, se espantam,
Os que
gelam, ao ver o luar nascente,
Os que fitam
a mesma estrela eternamente;
Os perdidos
da sorte,
Os que
chamam, gritando, pela morte!
Os que
andam, sem saber, pelos caminhos,
Os que de
noite vão, sempre a falar sozinhos,
Os que vivem
casados com a dor
E a escondem,
ciumentos;
Os trágicos
do Amor,
Os que
sentem astrais deslumbramentos,
Os que matam
e cantam por destino:
O salteador
nocturno, o poeta que é divino.
Os tristes
vagabundos
Em perpétua
e fantástica viagem...
Os que amam
a paisagem
E têm nos
olhos a amplidão dos mundos...
Vultos de
almas, figuras de emoção.
Errantes, na
infinita solidão.
(Teixeira de
Pascoaes nasceu a 8 de Novembro de 1877)
Sem comentários:
Enviar um comentário