Ela, em meu
Sonho
Ela vivia
num palácio mouro...
Nas harpas,
os seus dedos a espreitarem
como pajens
curiosos, a afastarem
os
cortinados todos fios de ouro.
As suas
mãos, tão leves como as aves,
ora fugiam
volitando, frias,
ora pesam,
trêmulas, suaves,
nas cordas,
a sonharem melodias...
E os sons
que ela tangia, aos seus ouvidos
chegaram,
receosos de senti-la,
voltavam a
não ser nunca tangidos.
É que ela,
as suas mãos, as harpas de ouro,
não eram
mais do que um supor ouvi-la
e o meu
julgá-la num palácio mouro.
(poeta
português nascido faz hoje 125 anos)
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