A ausente
Amiga,
infinitamente amiga
Em algum
lugar teu coração bate por mim
Em algum
lugar teus olhos se fecham à ideia dos meus.
Em algum
lugar tuas mãos se crispam, teus seios
Se enchem de
leite, tu desfaleces e caminhas
Como que
cega ao meu encontro...
Amiga,
última doçura
A
tranquilidade suavizou a minha pele
E os meus
cabelos. Só meu ventre
Te espera,
cheio de raízes e de sombras.
Vem, amiga
Minha nudez
é absoluta
Meus olhos
são espelhos para o teu desejo
E meu peito
é tábua de suplícios
Vem. Meus
músculos estão doces para os teus dentes
E áspera é
minha barba. Vem mergulhar em mim
Como no mar,
vem nadar em mim como no mar
Vem te
afogar em mim, amiga minha
Em mim como
no mar...
(Vinicius de
Moraes nasceu faz hoje 103 anos)
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